Grandes momentos marcaram o mundo do voleibol em 2018. Aliás, 2018 foi o ano do surgimento de novos e da solidificação de grandes campeões.
A vez da Sérvia
O Mundial do Japão viu pela primeira vez uma nação jovem chegar ao topo do mundo sobre as mãos de uma menina: a Sérvia derrotou gigantes e tornou-se campeã mundial. A oposta Tijana Boskovic foi eleita a melhor jogadora do mundo, MVP do torneio. A Sérvia conquistou o título depois de bater a Itália por 3 sets a 2 e quebrar a hegemonia da China em competições quadrienais. Façamos jus a quem merece, Maja Ognjenovic voltou à seleção para mostrar ao mundo que é uma das melhores levantadoras dele.
Ognjenovic abraça Boskovic após a campanha do título da Sérvia (Foto: FIVB) |
Ah, como esse Mundial deu o que falar! Gigantes como Brasil e Estados Unidos ficaram de fora das semifinais e decepcionaram com seus resultados, os EUA em 5º, o Brasil em 7º. As polêmicas começaram desde as convocações, não só destas seleções.
Tandara consola Gabi após eliminação do Brasil no Mundial (Foto: FIVB) |
Na Argentina, a capitã Yamila Nizetich foi expulsa da seleção após conceder entrevista polêmica. Já a Turquia teve um suposto desentendimento entre Gamze Alikaya e Giovanni Guidetti, que ocasionou na dispensa da jogadora. Já Vadim Pankov, novo técnico da Rússia, vetou a convocação de Irina Filishtinskaya por problemas pessoais.
Yamila Nizetich foi expulsa da seleção da Argentina (Foto: reprodução) |
Mas os problemas começaram desde as convocações. O Brasil teve um número expressivo de pedidos de dispensa: Léia, Fabíola, Mari Paraíba, Kasiely e Pri Daroit se reusaram a participar da equipe nacional em momentos distintos, sem contarmos Camila Brait, Jaqueline e Fabiana que já haviam anunciado que não retornariam. Fernanda Garay chegou a anunciar a aposentadoria da seleção brasileira - e nós contamos isso com exclusividade -, mas foi a única a aceitar voltar atrás.
Fernanda Garay chegou a anunciar despedida da seleção, mas voltou atrás (Foto: FIVB) |
Muitas lesões também complicaram a vida dos técnicos. A campeã Sérvia sofreu para recuperar Brankica Mihajlovic, mas acabou perdendo Bojana Milenkovic; a Itália sequer conseguiu levar Caterina Bosetti e Raphaela Folie à seleção neste ano; a China lutou para recuperar Changning Zhang, mas deixou Fangxu Yang pelo caminho e perdeu a líbero Lin Li durante o torneio.
Já a Holanda foi ao Mundial sem sua principal central, Robin De Kruijf. A Tailândia perdeu três atacantes de extrema durante a competição: Chatchuon Moksri, Ajchaporn Kongyot e Pimpichaya Kokram. A campeã das lesões foi a Rússia, que chegou sem Tatiana Kosheleva, Anastasia Shlyakovaya e Nataliia Khodunova e lá perdeu sua principal jogadora da competição, a oposta Nataliya Goncharova.
Tatiana Kosheleva não chegou a disputar o Mundial por motivo de lesão (Foto: CEV) |
A nova Liga das Nações
A FIVB estreou em 2018 com várias alterações e novo formato a Liga das Nações de Vôlei, um torneio maior e com premiação mais alta do que o Grand Prix. Após cinco semanas de jogos de todos contra todos e um Final Six, os Estados Unidos conquistaram o primeiro título da competição, derrotando a sensação Turquia e vendo a China conquistar o bronze.
Americanas levaram um milhão de dólares após vencer torneio (Foto: FIVB) |
É campeão!
O Vakifbank Spor Kulubu Istanbul foi mais uma vez o grande campeão da temporada. O time comandado por Giovanni Guidetti encerrou a temporada 2017/2018 como campeão de quase tudo: Champions, Copa, Liga e Mundial. Em 2018 chegou também ao tricampeonato mundial de clubes. No campeonato sul-americano, o Minas surpreendeu o Sesc RJ e o Supreme Chonburi sagrou-se campeão asiático.
Vakifbank SK comemorou seu 4º título da Champions League (Foto: CEV) |
No Campeonato Turco, o Vakifbank derrotou o Eczacibasi por 3 jogos a 2, em um 3 a 0 na partida final. No Campeonato Italiano, o Imoco Volley Conegliano superou diversas lesões para subir ao lugar mais alto do pódio por 3 jogos a 1 contra o Novara. Na China, Yingying Li surge como um fenômeno levando o título para o Tianjin por 4 jogos a 3 em uma série muito acirrada!
O Brasil viu a quebra da hegemonia de Rio e Osasco com o surgimento de um novo gigante: o Dentil Praia Clube começou a série da final perdendo por 3x1 e vencendo em casa por 3x0, ganhando também um golden set de 25x18.
Confiram todos os campeões de 2018:
Turquia: Vakifbank SK Istanbul
Itália: Imoco Volley Conegliano
Brasil: Dentil Praia Clube
China: Tianjin Bohai Bank
Rússia: Dínamo Moscow
França: Beziers Volley
Alemanha: SSC Palmberg Schweriner
Polônia: Chemik Police
Japão: Hisamitsu Springs
Suíça: Volero Zurich
Azerbaijão: Azerrail Baku
Bélgica: Asterix Kieldrecht
Coreia do Sul: Korea Expressway Gimcheon
Grécia: Olympiacos Piraeus
República Tcheca: VK Projestov
Espanha: VB Logroño
Romênia: CSM Bucuresti
Sérvia: Vizura Beograd
Bulgária: Maritza Plovdiv
Croácia: HAOK Mladost
Bielorrússia: Michanska Minsk
Holanda: Sliedrecht Sport
Peru: Universidad San Martin
Portugal: Leixões
Áustria: UVC Holding Graz
Estados Unidos: Stanford University
Eslovênia: Branik Maribor
Ucrânia: Peduniversitet-SHVSM
Finlândia: HPK Hämeenlinna
Hungria: Bekescsabai
República Dominicana: Caribeñas
Inglaterra: Durham
Eslováquia: BVK Bratislava
Suécia: Engelholm
Noruega: Forde
Austrália: Uni Blues
Dentil Praia Clube alcançou primeiro título da Superliga (Foto: Inovafoto/CBV) |
Bombas do mercado
Como não poderia faltar, 2018 também ficou marcado por grandes transferências. O Eczacibasi trouxe Yeonkoung Kim de volta à Turquia, fazendo inveja a um de seus rivais. Já Maja Ognjenovic deixou as tigresas para sua primeira experiência na Rússia com o Dínamo Moscow. Falando em Rússia, o Brasil protagonizou a chegada de Tatiana Kosheleva para o SESC, enquanto Osasco se despediu de Tandara Caixeta rumo ao Guangdong Jiashan.
O Minas uniu a dupla campeã Natália Zílio e Gabi Guimarães, enquanto o Praia Clube trouxe Carol Silva de volta ao Brasil. A Superliga Brasileira montou grandes elencos, a Liga Italiana também, a turca decaiu. A maioria dos grandes clubes optou por renovar com suas estrelas: as quatro estrangeiras do Vakifbank, seis das sete titulares do título do Conegliano, a base do Praia, do Novara, do Scandicci.
Ida de Yeonkoung Kim para o Eczacibasi surpreendeu mercado do vôlei (Foto: FIVB) |
Adeus!
Em 2018 tivemos que nos despedir de grandes nomes do voleibol mundial. A líbero brasileira Fabí Alvim, a ponteira alemã Maren Brinker, a oposta turca Neslihan Demir (Darnel), as ponteiras turcas Gozde Kirdar (Sonsirma) e Seda Aslanyurek e a saída definitiva da russa Lioubov Sokolova.
Fabí Alvim deixou as quadras e eu não aceito isso (Foto: reprodução) |
Mas nenhum adeus doeu tanto quanto o da central italiana Sara Anzanello que faleceu em decorrência de uma leucemia. Sara sofria com o agravamento de uma hepatite que contraiu quando jogou pelo Rabita Baku, no Azerbaijão e necessitou de um transplante de fígado e passou por anos exaustivos de recuperação. Brilha, Sara!
Sara Anzanello faleceu após luta contra o câncer (Foto: reprodução) |
Polêmicas
Melissa Vargas estava "desaparecida", certo? A gente explicou: a Federação Cubana puniu a jogadora por pedir dispensa da seleção. Mas ela ressurgiu e deixou a ilha, assinando um longo contrato com o Volero Zurich. Negociou com o Dínamo Moscow, chegou a assinar um pré-contrato, mas o cancelou e no ano seguinte fechou com o Fenerbahçe. Vargas é atualmente a maior pontuadora da liga.
Melissa Vargas foi contratada pelo Volero Zurich (Foto: reprodução) |
Na China, uma lenda acabou envolvida em um barraco. A amada Yimei Wang discutiu com o auxiliar técnico Zongyuan Zheng e envolveu a levantadora Xia Ding. A discussão foi veemente e os torcedores ficaram assustados, Ding teve que ser contida pelas colegas de seleção e Wang parecia surpresa com a situação. Posteriormente, Wang e Ding fizeram questão de dizer que nada passou de uma discussão de jogo e de vários maus entendimentos. Também no Chinês, uma novidade: a ACV permitiu que os semifinalistas contratassem jogadoras emprestadas dos times eliminados.
Barraco no Campeonato Chinês surpreendeu o mundo do voleibol (Foto: reprodução) |
A Confederação Europeia de Vôlei (CEV) divulgou o novo ranking da Champions League, fazendo justiça principalmente à Itália. Comemoram times como Conegliano e Scandicci e até turcos como Eczacibasi, Vakifbank e Fenerbahçe, que não teriam direito a vagas diretas ou já jogaram classificatórios estúpidos em edições anteriores.
Novas regras da qualificação beneficiaram italianos (Foto: CEV) |
Retrocessos
O vôlei também perdeu consideravelmente em 2018. A FIVB decidiu cancelar as transmissões gratuitas ao vivo no Youtube, lançando uma nova plataforma de transmissão de jogos paga e exclusiva a determinados países. No mesmo barco, a CEV cancelou as transmissões gratuitas pelo Laola.tv com o mesmo objetivo.
Mais complicado e triste é a ausência de países do continente africano na Liga das Nações em 2018, que acabou sendo confirmada também em 2019. Para chegar à LNV em 2019, um time africano teria de passar por quatro etapas: um qualificatório continental, um playoff contra um time sul-americano, a Challenger Cup e um playoff contra o desafiante rebaixado da LNV. Notem que a FIVB dividiu uma vaga para a Challenger Cup entre África e América do Sul. Com a extinção do Grand Prix, a FIVB regrediu na questão das vagas africanas e as seleções do continente acabaram de fora das ligas anuais.
Camarões de Simone Bikatal não disputará Liga das Nações (Foto: FIVB) |
Outra notícia ruim foi o fim do tradicional River Volley, o projeto fundado em 1983 que tinha sede em Piacenza e em 2016 anunciou uma fusão com o LiuJo Modena. Nisso, o projeto LJ Volley foi encerrado e o River transferiu sua sede para Modena. O clube deixou de existir neste ano. Outras equipes extintas foram o turco Bursa BBSK e o clube do SESI (atualmente fundido com Bauru, em projeto semelhante ao do River).
Modena foi extinto (Foto: Max Marini / Get Sport Media) |
Mudanças
E não é que o Volero Zurich deixou mesmo a Suíça? Como patrocinador, o Volero deixou o Zurich e partiu para a França, onde fundiu-se ao Le Cannet, surgindo assim o Volero Le Cannet.
E que 2019 seja um ano de mudanças. Nossas, de vocês, mudanças positivas sempre! E que nossas batalhas, ainda que duras, sejam vencidas com a alegria de Camarões e Quênia, que mesmo com todas as dificuldades, fizeram história em 2018 e venceram pela primeira vez uma partida no Campeonato Mundial e no mesmo dia.
ORGULHO MUNDIAL: Quênia (na foto) e Camarões venceram pela primeira vez na história do Mundial de Vôlei (Foto: FIVB( |
Quero agradecer a cada um dos 4.992.911 acessos que tivemos até aqui e aos mais de 1000 comentários no blog. Este foi um dos anos mais difíceis para mim, a expectativa não é das melhores, mas sigo acreditando e sonhando com esse blog, que um dia pode ser algo muito maior. Obrigado a cada um que fez e faz parte disso, lendo, divulgando, comentando, participando, corrigindo, mas me permitindo ter a certeza que todo esse esforço vale à pena.
Feliz 2019, apertem os cintos, as turbinas estão aquecendo e nós? Nós estamos voando!
Gustavo Aguiar (aguiar.gu@gmail.com)
Idealizador e autor do To Fly Volleyball
Eu e a fadinha Macris desejamos feliz 2019 (Foto: kkkk olha o costume, a foto é minha, claro kkkkk) |
Não pare com o Blog.. o mais completo e atualizado de todos!!!
ResponderExcluirFeliz ano novo!! Sucesso!!!
Cara, seu blog é o melhor! Saiba disso. Entro várias vezes por dia pra acompanhar as notícias. Nenhuma página realiza uma cobertura tão abrangente e com informações precisas. Eu acho o máximo a interação que existe com os leitores, respondendo os comentários e expondo opiniões. Que em 2019 você possa continuar a frente desse projeto e que ele só cresça mais a cada dia. Abraço!
ResponderExcluirTo Fly!!!!!
ResponderExcluirMuito obrigado por mais um ano.
Além do conteúdo de qualidade, os textos são maravilhosos, as análises fundamentadas, as fotos incríveis.
Que 2019 traga mais publicações, mais visitantes e comentários.
Muito obrigado por escrever a melhor página sobre vôlei e nos deixar fazer parte disso
Ding Xia = Ranço !
ResponderExcluirTo fly parabèns pela sua retrospectiva lhe desejo um otimo 2019 e que o blog tenha mais sucesso ainda.
ResponderExcluirNo mais fiquei surpresso de saber que paìses sem tradição no volei como a Inglaterra,Suècia,Noruega e Austràlia possuem campeonato .
Alguem explica de novo esse barraco do campeonato chinês....
ResponderExcluirA Bbzona coloca as opostas da seleção chinesa no bolso, queria muito vê-la novamente na selecao, atacando junto com a Zhu! Ela de oposta e a Zhu de ponteira!!!
matéria completa http://www.toflyvolleyball.com/2018/02/yimei-wang-tem-discussao-feia-com-xia.html
ExcluirO problema da Wang é que ela não passa. Na época que jogava pela seleção ela jogava como ponteira, mas sem participar do passe, semelhante ao que a Lang Ping faz hoje com a Zhu. E o outro problema é que a Wang não é efetiva atacando pela saída de rede. Resumindo: seria Zhu ou Wang...
ExcluirEntre os vários acontecimentos destaque do ano de 2018, faço questão de comentar sobre você e o blog. Parabéns! Sem dúvidas o melhor do Brasil e com sobras. Continue fazendo oa amantes do voleibol, como eu, felizes. Feliz 2019 para você e todos os visitantes.
ResponderExcluirTá explicado por que Wang nem comparece no time do Liaoning, ta certa ela! tantos clubes na Itália e na Turkia , poderia chamar ela pra ser oposta!
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho com o blog que, certamente, é o melhor e mais atualizado de todos que conheço aqui no Brasil. Continue nos fazendo voar com você e que 2019 lhe traga muito sucesso e muitas realizações. Um abraço.
ResponderExcluirA Wang ainda joga? Imagina uma seleção com Zhu, Wang, Zhang e Li YY, seria a melhor seleção disparado, Lang Ping iria sentir uma dor no coração a cada vez q ela fosse fazer a escalação!! a China com Wang é maior e melhor, na Sérvia a Brakocevic tem q voltar, passar a Bjelica na ponta, pois ela passa até bem pelo o menos melhor q Busa... aí seria melhor ainda. No Brasil, esse ano ZGR vai ter outra dor de cabeça, quem serão as titulares? Gabi, Natália ou Garay? em q posição a Rosamaria vai jogar, pq ela é gigante na saída, porém ela até q enfim aprendeu a passar. Lorenne está numa fase maravilhosa tbm, Bruna Honório nem se fala, Macris emfim será titular. Seleção em 2019 é:
ResponderExcluirOpostas:
Tandara Caixeta
Bruna Honório
Lorenne
Munique
Levantadoras:
Macris
Dani Lins
Roberta
Claudinha
Centrais:
Mayany
Milka
Carol
Thaísa
Ponteiras:
Fernanda Garay
Natália zilio
Gabizinha
Rosamaria
Líberos:
Suellen
Gabiru
Natinha
Aninha
Q seleção foda, nós teremos principalmente de ponteiras, centrais e líberos.
Espero que o Zé de chances a novas atletas em 2019. Como: As ponteiras: Karina Barbosa do Sanca, Vanessa Janke, Kasiely, Tainara, Júlia Bergsman, Pietra, Paula Morh, Ariele, Isabela Paquiardi, Pri Daroit, Natália Fernandes e outras. Levantadoras: Vivian do Fluminense, Giovana, Claudinha, Macris, Jacke Moreno, Lyara e Fran.
ResponderExcluirOpostas: Kisy, Lorenne, Lorrayna, Kimberly, Sabrina Machado, Malu e Bruna Honório.
Centrais: Mari Aquino, Diana Duarte, Mayany, Linda Jessica, Ju Melo, Valquíria, Fê Campos, Saraelen e Laura Kuddies.
Liberos: Aninha do Curitiba, Kika do Osasco, Vitoria do Sesc e Laís. Isso tudo podendo sem dúvidas mesclar com atletas com experiência como Garay, Gabi, Tomé, Carol, Natália, Suelen, Ade, Suelle, Tandara, Andressa Picussa, Fabiola, e outras.
Mais aí é com o Zé, e sabemos como ele é, e só esperamos a mudança, e o melhor pra o nosso esporte tão vencedor.