Crise na Grécia: com liga paralisada, clubes passam a liberar jogadoras

Poucas competições estão mexendo tanto com seu país como vem fazendo a Ethniki League, o Campeonato Grego. E nem é pela emoção ou pelo nível de seus jogos, mas é exatamente pela falta deles.

O Grego está interrompido desde o dia 1º de novembro, antes do fim da 4ª rodada do turno, como medida de prevenção à Covid-19. E olha que o primeiro caso positivo em um clube foi registrado apenas nesta semana.

Se por um lado esse processo é respeitoso à saúde das atletas e de todos os profissionais envolvidos, por outro prejudica diretamente aos clubes, que investiram em contratações e tiveram seu campeonato pausado antes de completar um mês de atividades.

Esses dois pontos de vista causaram uma verdadeira guerra entre a Federação Grega e os clubes da  Ethniki, em uma espécie de troca de acusações contínuas nesse sentido.

Octacampeão grego, Olympiacos está no centro da discussão do voleibol grego (Foto; reprodução/Instagram)


A posição do Olympiacos 

Não existe unidade nem mesmo entre os clubes. O principal deles, o multi-campeão Olympiacos, não tem a menor pressa em voltar às quadras. Também pudera, é o dono do maior investimento do país e parece não acreditar no retorno da liga.

Prova disso é que liberou suas jogadoras para deixarem o clube, se assim desejarem. Quatro atletas deixaram o clube e a saída mais simbólica aconteceu nesta semana, quando a alemã Saskia Hippe anunciou sua saída para o italiano Brescia. 

A oposta vinha sendo o grande destaque do time em que estava há cinco temporadas consecutivas. Por lá, nunca soube o que é perder uma competição nacional e na temporada 17/18 levou todos os títulos, inclusive o da Challenge Cup. Agora, retorna à Itália depois de nove anos de sua passagem pelo Chieri.

Além de Hippe, a ponteira croata Karla Klaric também deixou o Olympiacos para assinar com o húngaro Fatum Nyíregyháza. Até mesmo as gregas selecionáveis optaram por jogar no exterior: a levantadora Styliani Christodoulou foi para o turco Aydin BBSK e a central Aikaterina Giota foi para o húngaro Vasas Obuda.

O Olympiacos declarou que manterá suas obrigações com as jogadoras que quiserem se manter no clube, aguardando o retorno da liga.

Saskia Hippe estreou ontem pelo Brescia no país vizinho (Foto: RM Sport)

 

Por outro lado...

Também há quem defenda o retorno da liga. Quatro times do top 6, pelo menos: Panathinaikos, Thiras,  PAOK e Aris. O técnico do Aris, Giannis Giannakis, inclusive quebrou o silêncio nesta semana em um longo comunicado.

Giannakis disse que os times vistos como "maus" são os mesmos que tentaram evitar o início da liga grega e não receberam resposta de sua federação. O técnico ainda disse que os clubes aceitaram jogar e arcar integralmente com os custos de testes moleculares.

A crítica do técnico é principalmente por não saber se o campeonato será retomado ou quando será. 

Aris tem uma das diretorias que defendem o retorno do campeonato (Foto: divulgação) 


Mais saídas

E não foi só o Olympiacos que perdeu jogadoras, pelo menos outros dois times seguem sua linha, crendo que o campeonato não terá retorno.

O Pannaxiakos (não confundam com Panathinaikos) perdeu a levantadora sérvia Veselinović (de saída para o Branik Maribor, Eslovênia) e a ponteira búlgara Dimitrova (Maccabi Haifa, Israel). Já o Tétis não contará mais com a oposta polonesa Hatala (Stal Mielec, Polônia) e com a cipriota Konstantinou (Békéscsabai Röplabda, Hungria).

Outra que atualmente não está na Grécia é a levantadora brasileira Carolina Albuquerque, campeã olímpica em 2008, que defendia o PAOK.

Carol Albuquerque deixou a Grécia e o PAOK até definição sobre a temporada do Grego (Foto: reprodução/Instagram)


Comentários

  1. Excelente matéria, Gustavo! Continue a escrever no blog. Já são poucos blogs que falam notícias do vôlei e as tuas postagens são sempre muito interessantes. Como sugestão tu poderia fazer uma matéria a respeito da covid e a superliga feminina. Essa pandemia tá virando pandemônio!

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