Desvalorização do real dificulta contratação de estrangeiras e favorece saídas de brasileiras

Zhu no Sesc, Egonu no Osasco, Larson no Praia, Boskovic no Minas: parece um devaneio, mas quem nunca sonhou com grandes estrelas atuando no Brasil? No entanto, isso parece cada vez mais um sonho distante... E o motivo não é necessariamente o baixo investimento no vôlei, mas a crise financeira que o Brasil enfrenta desde antes da pandemia do novo coronavírus.

Smarzek ataca contra bloqueio de Drews durante a VNL; rumores apontaram possibilidade de opostas na Superliga - mas ambas devem renovar em suas ligas atuais (Foto: FIVB) 


O problema começa na desvalorização do real e a regra básica é da economia: 1 dólar hoje equivale a R$ 5,35, enquanto 1 euro equivale a R$ 5,78. Isso nos mostra duas coisas: é mais fácil tirar jogadoras do Brasil e mais difícil trazer estrelas de fora.

Certa vez uma jogadora me disse: "Gustavo, ganho praticamente o mesmo número aqui e no exterior, só que em dólares". A variação é plausível e fica cada vez maior: se aqui ela recebe uma oferta de R$ 100 mil, no exterior essa oferta seria de mais de R$ 534 mil.

Vamos a outro exemplo: Tandara, cuja cifra já foi divulgada em valor acima de um milhão. Suponhamos que Tandara receba oferta de R$ 1.5 milhão pela temporada em um clube brasileiro. Convertido para euros esse valor significaria pouco mais de € 259 mil. No passado já tivemos cifras divulgadas pelo World Of Volley que apontavam, por exemplo, a americana Larson recebendo 1 milhão de euros. Hoje isso significaria que ela receberia mais de 5.7 milhões de reais. São valores incrivelmente destoantes!

Desvalorização do real torna cifras entre Larson e Tandara muito distantes (Foto: reprodução/Pinterest) 


Neste quadro, fica difícil imaginar que poderemos bater de frente com mercados como a Turquia e a Itália, que tem investimentos pesados no vôlei. A China, apesar de abalada financeiramente pela pandemia de Covid-19, costuma oferecer salários tão bons ou até mais altos, assim como o Japão, mas em ambos os casos com menos contratadas.

E por que isso favorece que jogadoras deixem o Brasil? Se conseguirem ofertas, tendem a ganhar mais lá. Mas nem todo mundo está disposto a deixar família, amigos, muitas vezes filhos e até um relacionamento para trás. Mas se um time italiano oferecer 250 mil euros por Rosamaria, por exemplo, um time brasileiro teria que oferecer mais de R$ 1,4 milhão, que é o que o Brasil tende a pagar para Tandara. Entendem como destoa?

Isso explica porque dificilmente veremos Annie Drews ou Malwina Smarzek deixando o Japonês e o Italiano para virem ao Brasil, infelizmente. Polina Rahimova é uma grata exceção de uma das melhores do mundo na posição que veio jogar aqui (mas com certeza sob um contrato considerável). A tendência é que holandesas, americanas e sérvias, que não têm uma liga local forte, sejam prioridade de mercado. 

Quanto às brasileiras, com a alta histórica do dólar deve ser cada vez mais comum vermos atletas deixando o país. Infelizmente só poderemos nos acostumar e torcer por dias melhores. 

Com passagens por times como Fenerbahçe e Casalmaggiore, Polina Rahimova foi uma das grandes contratações da última Superliga (Foto: Priscila Nóbrega)

Comentários

  1. Depois desse famigerado Corona Vírus tomei um ódio tão grande da China que eu nunca jogaria lá!
    Jogaria com muito prazer no Japão ou na Coreia do Sul, mas na China? Nunca! Na China eu jamais jogaria!
    Adoro a Coreia do Sul, tenho o sonho de algum dia jogar lá, ou quem sabe no Japão também...
    Porém, odeio a China, ainda mais depois desse Corona Vírus!

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    1. O Partido Comunista Chinês irá pagar muito caro por esconder informações antes desse vírus maldito se espalhar pelo mundo.

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    2. Voce odeia os EUA por causa da gripe espanhola (veio dos EUA e foi descoberto na Espanha) e matou 50 milhões de pessoas. Você odeia o México pelo gripe suína (H1N1) de 2009, e voce odeia o Brasil pela Zika, pela dengue, etc? Você pode reclamar do Partido Comunista chinês, mas não do povo e nem do país.

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    4. Concordo com o Marcos que não dá para culpar todo um povo por uma catástrofe dessa enormidade, sendo que o governo foi quem coibiu a disponibilização de informações sobre o alastramento do vírus localmente, mas também passou da hora dessa população chinesa se atentar ou mesmo fazer uma reciclagem em relação aos cuidados de higiene e com a origem do que se alimentam. E isso não é de hoje!

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    5. Eu não tenho bosta na cabeça, muito pelo contrário. Alimentar ódio por um país, por um povo, é aquela sementinha que parece inocente e que fez surgir o nazismo (Hitler odiava judeus), que faz nascer o racismo, a xenofobia, o sexismo, etc.
      Por causa de meia dúzia, seu ódio recai sobre um povo, sobre um grupo, por um país inteiro. Critique os líderes do país. Aliás, se você for seguir seu ódio a risca, vai comprar celular, computador, brinquedos, eletrônicos onde? Quase tudo, é feito lá. Pelo visto, seu ódio se resume ao povo, mas aos produtos que eles fazem, não é na mesma proporção.

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    7. Meu caro, Marcos, desculpe se fui um tanto rude dizendo que você tem bosta na cabeça, pois foi, na verdade, mais uma força de expressão. Respeito a sua opinião! Não foi um discurso de ódio contra o povo chinês, mas sim, uma manifestação de verdadeira resistência às atitudes dessa população, que sendo calada ou não pela ditadura do governo, podem se reorientar através das mazelas que vem cometendo historicamente em se tratando dos aspectos da saúde, cuidados e comportamentos...esse povo não pode ser tão alienado a esse ponto, ainda mais se vem se abrindo economicamente e culturalmente para o mundo, como gostam tanto de falar...como não confio nesse país, o mundo é quem deve se precaver cada vez mais, se tornando mais vigilante em relação a esse tipo de política e modo chinês de conduzir as coisas!

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    8. Ok, todo tudo certo. Tá mundo nervoso. E desculpa também.

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  2. Em países como China, Japão, Coréia e até Rússia, em que cada time só pode contratar uma ou duas estrangeiras, eles acabam juntando um caminhão de dinheiro pra contratar uma jogadora que resolva. Aqui no Brasil, a maioria das estrangeiras são "promessas" ou jogadoras que estão em baixa. Na Itália e na Turquia não há limite de estrangeiras contratadas, só de estrangeiras relacionadas por partida e em quadra, né? Alguém sabe se na Polônia e na Alemanha há limite de estrangeiras?

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    1. França e Alemanha é igual a Itália, sem limite para Comunidade Europeia e duas de fora dela, Polônia se não me falha a memoria são 4, independente de ter passaporte europeu.

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    2. Na Itália não limite de jogadoras fora de comunidade. Casalmaggiore por exemplo tinha 4 (Cuttino, Carcaces, Popovic e Antonijevic, Sérvia não está na comunidade), e tinha mais equipes com 3 (Busto, Firenze, Chieri, Perugia etc). O limite é de máximo duas estrangeiras da mesma nacionalidade.

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  3. Não é só o dólar, não saberemos como a pandemias vai afetar a economia e as empresas no geral, algumas vão ter que cortar gastos e investimentos, e isso inclue patrocínios no esporte. Por exemplo, empresas de assistência médica vão penar pelo alto sinistro com internações; o Sesi e Sesc vão penar com a redução da arrecadação das empresas em função da redução da folha de pagamento e do desemprego, etc.

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  4. Caso o mundo esteja na mesma situação antes da Pandemia, acho legal até as jogadoras brasileiras irem lá fora, além da experiência de jogar em diversos países e do din din, adquirem cultura e vão poder comparar o Brasil com outras culturas....
    Quer seja na Itália, Turquia, China, Japão, etc ... tudo vale a pena... talvez lá eles(as) possam ser mais valorizados, caso Rosamaria e Adenízia.

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  5. Uma coisa que eu acho que acontece muito para as jogadoras estrangeiras aceitarem jogar aqui no Brasil é o fato de poderem jogar sem “concorrência ”, tendo em vista que tanto na Turquia, quanto na Itália, os times tem condições de contratar várias jogadoras estrangeiras. Daí muitas concorrem entre elas...no Brasil quem é estrangeira consegue jogar praticamente o campeonato inteiro...

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  6. Para ser bem sincero, às vezes ainda me surpreendo com o bom nível de nossa superliga, com ou sem estrangeiras de destaque, somos um país subdesenvolvido como todos aqui sabem, um país que valoriza somente o futebol e os outros esportes que lutem. Como amante do vôlei torço para que as situações melhorem.

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  7. Parem de problematizar tudo!!!
    Elas têm que ir ora fora sim. Ganhar experiência e treinaram com a concorrência batendo a porta. Só assim se tornam jogadores experientes e diferenciadas. Olhem Larson, Hill, Robbison. Qualquer time do mundo queria ter uma ponteira de respeito.

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