O ranking equilibra ou pune?

O vôlei feminino brasileiro passa por um período de reformulação. O debate sobre o ranking e o número de estrangeiras por time em nossa superliga são a pauta das discussões atuais que envolvem dirigentes, técnicos, entidades políticas do vôlei e atletas, além da torcida que se manifesta em rede social.

A discussão se faz necessária por dois motivos: o primeiro diz respeito a ausência de uma unanimidade, tanto sobre o ranking, quanto sobre o limite de estrangeiras. O segundo ponto é que, entre as atletas ranqueadas, não há alguma que defenda a permanência do sistema em questão.

Foto: Johannes EISELE / AFP

Aqui, eu me limito ao ranking. Em outra oportunidade discutiremos o limite de estrangeiras por time.

Primeiro, a gente precisa pensar que: ser melhor no vôlei feminino brasileiro atualmente, não lhe dá o direito de ir e vir dentro do próprio esporte. A atleta ranqueada não se pode dar ao "luxo" de escolher a melhor proposta de trabalho. Isso não necessariamente tenha a ver com o valor do contrato. Em muitos casos, a melhor proposta está munida de melhor estrutura para treinos e jogos, departamento médico de alto nível, comissão técnica e etc, além das vontades pessoais extra quadra, como por exemplo, escolher a cidade onde quer morar. 

Ser melhor no vôlei feminino brasileiro lhe trás empecilho e punição. A atleta passa a ser determinada por um sistema político que busca o equilíbrio do esporte no Brasil, mas que esse equilíbrio só ocorreu, desde sua existência, em duas temporadas. Em 2017/2018, quando as principais competições tiveram campeões distintos e a temporada atual, que já concluímos três competições e o campeão não se repetiu em nenhuma delas.

Outra coisa que precisamos lembrar é de que, desde a criação do ranking, paramos de ser competitivos a nível mundial. Mesmo com Natália, Gabi, únicas ranqueadas do time em 2018, o Minas não conseguiu ameaçar o campeão Vakifbank, naquela final do Mundial do mesmo ano. Ao término da temporada, o time foi obrigado a desfazer-se de pelo menos uma atleta 7 pontos, tendo em vista que Macris foi incluída no seleto grupo que passa a ter seus direitos de livre escolha no mercado nacional, anulados. É bem verdade que, mesmo que a levantadora do Itambé Minas não tivesse passado a ser 7 pontos, nem Gabi, muito menos Natália, permaneceriam no Brasil.

Macris passou a ser 7 pontos na temporada 2018/2019
Foto: Orlando Bento/MTC

E é exatamente isso que elas merecem. Direito de escolha como todas as demais atletas brasileiras. Apesar de suas vontades, as atletas ranqueadas agem de forma desordenada. Não unem forças! Certamente com um pouco mais de organização e união entre elas, o sistema de ranking já tivesse caído. A impressão que fica é a de que elas só se mobilizam após as votações e decisões entre os clubes, quando deveriam agir antecipadamente, diante da CBV e principalmente os clubes brasileiros que defendiam/defendem a manutenção do polêmico ranking.

Se existem atletas de nível melhor que outras, que ao menos elas tenham o direito de serem tratadas com o mesmo benefício de escolher onde desejam jogar, de acordo com o proposto pelos clubes, respeitando as escolhas de mercado de cada uma. Impor muro a elas, não as reconhecem como melhores. As punem!

Se não há um equilíbrio efetivo permanente entre os clubes, mesmo com o ranking, precisamos agir e mudar. Se há uma disparidade técnica entre os europeus e nós, enquanto clubes, precisamos mudar. Obviamente, não só o ranking, limita as forças dos nossos times. O problema parece ser bem mais financeiro do que de políticas de equilíbrio por equipes. Voltar a investir na base, fortalecendo o nosso futuro parece ser bem mais eficaz para promover o equilíbrio das competições do vôlei brasileiro, do que determinar para onde não podem ir, as "melhores" jogadoras do país. A Itália virou referência nisso., quando oportunizou através do projeto Club Itália, evolução técnica e física, colocando suas promessas para jogar contra as melhores, mesmo não existindo ranqueamento de atletas nacionais e o limite de estrangeiras ser superior ao nosso em números.

O que me parece é que não sabem gerir o esporte mais vitorioso do Brasil. Uma coisa é certa: do jeito que está não pode ficar, já que as partes mais interessadas no assunto, são as atletas afetadas diretamente, que possuem o desejo de serem livres para escolherem o melhor pra suas carreiras!

Comentários

  1. Bom texto rapaz, ótimo posicionamento e informações. Pequenos erros de concordância, mas em termos de conteúdo está perfeito e bem escrito. Vida longa aqui no blog, o melhor de voleibol do Brasil.

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  2. O ranking sempre puniu. Caso o ranking não punisse, as jogadoras não seriam contra.

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  3. No meu caso, sempre foi mais importante escolher a cidade ou, no mínimo, o estado onde eu vou jogar, pra quem quer ficar perto da família e, principalmente, dos filhos é muito mais importante poder escolher em qual cidade/estado vai jogar do que qualquer outra coisa. E é justamente nisso que o ranking mais atrapalha, o ranking limita muito as opções de onde você pode jogar!

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  4. Mas lembrar que elas chegaram a entrar com uma ação contra o Ranking, mas o processo não proprerou e não lembro o motivo, eu acho que por competência do juizado por ser assunto inédito. Mas ela já se uniram contra o ranking.

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  5. Em relação ao ranking, foi vergonhosa a máfia carioca na qual se juntaram os clubes do Rio de Janeiro: SESC, Fla e Flu para armar ardilosamente junto com a também carioca CBV para ferrar com o Curitiba e o Barueri e desrespeitar também o desejo da comissão de atletas.
    Essa manobra suja dos clubes do Rio junto à CBV para desqualificar os votos de Curitiba e Barueri foi uma das coisas mais nojentas que já vi no voleibol!
    Para SESC, Fla e Flu era muito fácil mandar um representante para a decisão do ranking pois a CBV fica no Rio de Janeiro, já para Curitiba e Barueri que ficam longe do Rio ficava bem mais difícil e mais caro mandar alguém ao Rio só pra isso.
    Além de caro, era também totalmente desnecessário, já que em 2019 e em 2018, a votação do ranking foi por e-mail.
    Por que, agora em 2020, não poderia ser por e-mail também? Afinal de contas os clubes do Rio inventaram essa loucura de que a votação teria que ser presencial só mesmo para prejudicar as jogadoras e os clubes de fora do Rio!
    Não há necessidade nenhuma de que os clubes de fora Rio tenham que ir até o Rio de Janeiro para decidir sobre ranking, tudo pode ser feito por e-mail como aconteceu em 2019 e 2018. Não havia nenhuma necessidade de os votos de Curitiba e Barueri serem anulados!
    Isso foi uma tremenda de uma trapaça suja arquitetada pelos clubes do Rio!
    Infelizmente dá até vergonha de ser carioca nessas horas!

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  6. DENTIL PRAIA CLUB: Campeão da Superliga Feminina 2020
    EMS TAUBATÉ FUNVIC: Campeão da Superliga Masculina 2020

    Segundo o presidente do SESI, Reinaldo Mandaliti, em entrevista à Jovem Pan, haverá o encerramento da Superliga Banco do Brasil 2020 e a atual classificação na tabela indicará os Campeões, desta forma Dentil Praia Clube E EMS Taubaté Funvic, primeiros colocados no feminino e masculino, respectivamente, serão declarados os campeões de 2020.

    – Precisamos ter a noção do que está acontecendo, não é uma crise qualquer. O Voleibol neste momento, é uma coisa secundária. Se preciso for, declaremos o Praia Clube, primeiro colocado na tabela, como o campeão da Superliga e herdeiro da vaga no Sul-Americano de clubes – mas o momento agora é de entendermos esta crise, e colocarmos os cuidados as pessoas como primordial – disse Mandaliti.

    A Superliga não pode simplesmente ser encerrada sem ser declarados os clubes Campeões no masculino e no feminino e como muitos clubes como Sesi, Osasco, Curitiba, Sesc, Sada Cruzeiro, Maringá, Ponta Grossa já dispensaram e liberaram seus jogadores não há como prosseguir com o Campeonato, o correto é declarar Campeões os líderes da tabela Praia, no feminino, e Taubaté, no masculino.

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  7. Agr que finalmente o ranking fez efeito querem tirar ele?Mds,esse era justamente o momento de se manter,eu realmente não entendo como times "médios" como o Coritiba conseguem votar a favor de desfazer o rank...mas se é o que a maioria prefere,há de mudar então...e sobre as atletas,se for por dinheiro,estrutura ou lugar para morar deviam tá pensando em ir para Europa então,a clubes que desejam as "7 pontos".A verdade é que as estrangeiras também podem desbalancear,porem me diga um ano que um clube brasileiro teve dinheiro para contratar as 3 melhores atletas do mundo?Isso não vai acontecer,fora o período de adaptação,questão de estilo de jogo,tudo isso pode acabar por manter o equilíbrio mesma que um clube contrata super estrelas mundiais.Agr o que acontece quando um clube reúne 3,4,5 atletas da seleção brasileira de nível top?Elas já são adaptadas a liga,ao país,esse clube vai deitar e rolar se isso acontecer.Eu particularmente acho que a liga feminina tem muito a perder com isso......"ah mas no masculino fez efeito",não sei que efeito,agr em vez de 1 temos 2 times brigando,nos tempos de rank o Sada Cruzeiro teve muito mais dificuldade,o Sesi,minas e o sesc(ou o time do rio da vez,ex. rjx) se afundarem de uns anos pra cá,e p q?pq precisam de mais dinheiro pra montar competitivo,pq o Sada e o Taubaté agr sem o rank conseguem contratar quem bem entenderem do Brasil e fora...claro isso vai melhorar o salário dos atletas e forçar estes clubes se quiserem manter jogando investirem em jogadores novos ou bem +velhos,mas vale a pena sacrificar a liga inteira para isso?

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    1. Só acho que se não existe em nenhuma categoria esportiva do país, porque justamente no vôlei feminino vai existir. Porque as jogadoras do feminino tem essa restrição? Isso é discriminatório. Ou todas as categorias o fazem, ou nenhuma.

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  8. Engraçados que as mesmas hipócritas olímpicas e algumas ranqueadas que foram fazer protesto no insta não criticaram a falta de coerência dos times que votaram contra o ranking, mas são a favor do aumento do número de estrangeiras.

    Hipócritas, isso que elas são, só olham para o próprio umbigo.

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    1. Não acho incoerência em nada. Elas criticaram a incoerência, e não o voto em si de cada clube e principalmente ao desrespeito ao voto anulado das equipes por pressão do Sesc, e não como eles votaram individualmente.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Então vc não viu a postagem de algumas jogadoras como a Thaisa, por exemplo, né? Ela citou incisivamente o Sesc Rio e o Sesi Bauru, me poupe. Já que ela gosta de falar e é tão sem papas na língua, a postura do atual clube dela, de ser a favor do aumento número de estrangeiras, e pior, de ser contrário ao encerramento da Superliga, colocando em risco a saúde das jogadoras do próprio clube, ela não critica, né? Me poupe mais uma vez.

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  9. O que vocês pensam desse rumor de que o Praia fez proposta pra Fabiola e Amanda ??

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    1. Em relação a Fabiola não sei, ela já deu entrevista dando a entender que só saio do Rio se o Bernardinho não quisesse mais ela, mas não sei né sabemos que o dinheiro fala sempre mais alto kkkkk

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  10. Se o Praia contratar Amanda, acho que a Garay vai para o Flamengo pq tbm tem esse rumor.

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