A atuação épica de Egonu na virada histórica do Conegliano sobre o Vakifbank

Vakifbank 14, Conegliano 10. Naquele momento eu já dava o jogo por encerrado e só esperava o time turco derrubar a última bola. Não deu uma, duas, três: 3 pontos consecutivos em contra-ataques de Paola Egonu. A gente ainda não sabia até aí, mas a oposta italiana estava construindo mais uma de suas atuações épicas.

Paola Egonu fez 38 pontos no jogo, 34 deles em ataques, com 50% de aproveitamento (Foto: FIVB)

Até ali Paola já havia contribuído com 27 pontos em quatro sets e essa pontuação já seria mais alta do que qualquer outra jogadora alcançaria. Mas ela fez bem mais: somou 11 pontos em um longo tie-break, 6 deles em contra-ataques que salvaram o Conegliano dos match points do Vakifbank. Também foi após seu saque forçado, sua defesa em um ataque de Gabi e seu contra-ataque que deram o último match point às panteras.

Eu nem preciso ser fã de Egonu para reconhecer o seu tamanho, ela nem precisa estar entre as minhas jogadoras favoritas. É preciso que vejamos algo raro, o tamanho do fenômeno que a Itália gerou e o mundo assiste. Poucas vezes vimos uma atacante tão decisiva no voleibol mundial e nos dois últimos anos ela vem se aprimorando, reduzindo o número de erros e decidindo friamente em momentos cruciais. 

Italiana ganhou o prêmio de melhor da partida, não poderia ser diferente, não é? (Foto: FIVB)

38 pontos, seguida de Hill com 11, Sylla e De Kruijf com 10. O Conegliano é um dos melhores elencos do mundo, tem grandes atacantes em todas as suas posições, mas Wolosz está longe de ser democrática em sua distribuição. Podemos culpá-la? Egonu virou 34 das 67 bolas que recebeu, valor superior a 50% em aproveitamento. Hill recebeu menos da metade e virou 36%, Sylla teve aproveitamento ainda menor com 33%. Nem De Kruijf conseguiu se aproximar: foram 26% de aproveitamento em ataques (atuação pífia para uma central no ataque).

Nem Isabelle Haak, maior pontuadora do Vakifbank, foi tão eficiente. A sueca fez 24 pontos e recebeu 54 bolas, virando 23 delas, aproveitamento de 42%. Mas a atacante de extrema mais eficiente de Ognjenovic era Gabi, com 50% ao final da partida. Essa eficiência com certeza foi reduzida depois das repetidas bolas que a brasileira não conseguiu botar no chão no tie-break. Não dá para culpar a tática de Maja: Gabi era a atacante mais eficiente e quem a bloqueava era Wolosz. Mas de quantas bolas a experiente sérvia precisava para entender que Haak na saída era uma opção mais segura e quem estava virando as bolas? 

Chegamos ao fatídico 22x21 para o Conegliano, com Egonu no saque. Gabi tinha acabado de ser defendida no ataque, isso já depois de falhar duas ou três vezes na série de cinco pontos seguidos. Naquele 22x21, Maja repete a bola com Gabi, que é bloqueada por De Kruijf. A vida e a cobertura da líbero Orge ainda deram mais uma chance para Ognjenovic repensar sua distribuição, perceber as inúmeras falhas de Gabi e levantar para a saída, onde estava a maior pontuadora de seu time. Maja repete com Gabi e Wolosz responde no último bloqueio do jogo.

Bloqueio de Wolosz em Gabi fechou a partida para o Conegliano (Foto: FIVB)

De forma épica e histórica, o estreante Conegliano, chega à final do Mundial de Clubes, vitória por 3 sets a 2.

Seu rival será o Eczacibasi, em roteiro que já esperávamos também. As tigresas bateram o Novara também por 3 sets a 2, em mais uma prova do quão guerreiro e resistente é o time italiano, que nunca foi apontado pela grande maioria de nós como favorito. Duelo marcado pelo grande jogo de duas grandes opostas do mesmo país: o fenômeno Boskovic e a lendária Brakocevic. 

Boskovic fez 31, 25 de ataque, 43% de aproveitamento. Brakocevic fez 26, 23 de ataque, 41% de aproveitamento. Que sorte de um país que tem duas opostas neste nível, hein? Isso sem contar Bjelica, embora Brakocevic esteja aposentada da seleção. Vale o destaque no Eczacibasi para o desempenho bom das ponteiras e para a entrada de Arici, com 6 bloqueios na partida em menos de quatro sets jogados. Arici é a melhor central do time e só fica no banco porque Marco Aurelio é teimoso!

Surpresa da competição, Novara não resistiu à pressão turca e caiu na semifinal para o Eczacibasi (Foto: FIVB)

O Novara, por sua vez, sentiu falta de Veljkovic, lesionada. Suas ponteiras jogaram muito mal e saíram com aproveitamento próximo de 20% no ataque. Assim, a valente equipe italiana caiu. 

5º lugar

A briga pelo quinto lugar será nacional: o Praia Clube reencontrará o Minas. Os brasileiros venceram respectivamente Guangdong e Tianjin, estes que já estão duelando pelo 7º. Para mim parece uma boa colocação: a liga brasileira é melhor do que a chinesa. Já no quesito Turquia x Brasil, bem, discutimos isso outro dia... O importante é que os times brasileiros, finalmente, venceram na competição. Pena que tarde demais.

Mundial de Clubes 2019 - Semifinais

Conegliano 3 x 2 Vakifbank

MP: Egonu (38) | Haak (24)

Eczacibasi 3 x 2 Novara

MP: Boskovic (31) | Brakocevic (26)

Disputa do 5º lugar

Praia Clube 3 x 0 Guangdond

MP: Martinez (19) | Li e Kosheleva (14)

Minas 3 x 0 Tianjin

MP: Thaísa (15) | Yu (13) 

Conegliano e Eczacibasi voltam a se encontrar na final do Mundial. No jogo de estreia as panteras italianas venceram as tigresas turcas por 3 sets a 1 (Foto: FIVB)