O comando, a ousadia, a experiência e uma super dupla: Minas é campeão da Superliga em temporada incrível

O Sabiazinho em Uberlândia recebeu uma noite histórica nesta sexta-feira (26). No duelo entre os melhores times da temporada, o Minas Tênis Clube aplicou mais uma vez sua superioridade sobre o Praia Clube: seria a definitiva, a última vez na temporada.

A história do Minas começa desde a montagem desse elenco há dois anos atrás. Stefano Lavarini era uma aposta ousada, embora tivesse liderado o italiano com o Bergamo na temporada anterior, acabou terminando a temporada com problemas depois da lesão de Skowronska - e o Bergamo nunca mais jogou a alto nível, inclusive. Mas aqui, quis fazer diferente. O primeiro gigante do Minas é ele, quando finalmente volta a vencer o mineiro e quando conquista aquele Sul-Americano sem sua oposta titular contra o até então absoluto Rio de Janeiro.

Gabi, Macris, Natália, Carol Gattaz e Stefano Lavarini receberam premiações individuais (Créditos: Orlando Bento/MTC)

Mas a verdade é que desde 2017 e até antes disso a gente já começava a olhar com cautela o surgimento de um novo padrão de levantamento, distribuição: Macris Carneiro. As estatísticas não mentiam: era a melhor levantadora da Superliga. Foi com ela que atacantes chegaram ao seu potencial máximo e até foram convocadas por isso, como Andreia Laurence, Bárbara, Amanda, Vivian, Ellen, Roberta... Seria coincidência? Bom, ainda assim a levantadora nunca teve uma grande oportunidade na seleção, até hoje não teve. Só lá em 2015, quase quatro anos atrás, quando jogou um Pan-Americano com uma seleção mista e nunca mais. Mas eu diria que algumas de suas entradas foram primordiais na fase final do Grand Prix 2017, quando Roberta se perdia em quadra.

Mas a temporada de Macris era mesmo 2018/2019. Àqueles que não queriam, foram obrigados a enxergar: um novo nível de voleibol surgia das mãos dela. Não perfeito, mas em evolução, notemos como durante toda a temporada a levantadora lutou para corrigir e aperfeiçoar as bolas altas com Natália, as quais sempre teve mais dificuldade mesmo. Com Gabi o processo era mais fácil, acelera ali na ponta que ela gosta e por isso a baixinha virou a bola de segurança do time. Mas quem dispensa apresentações é Carol Gattaz, pela segunda temporada consecutiva. Eu sempre adorei Gattaz, sempre fui fã dela desde que comecei a acompanhar voleibol há mais de 10 anos. Nunca imaginei vê-la jogando neste nível, aos 37 anos, por amor à camisa do MTC. É algo incrível!

Macris foi eleita a melhor jogadora da final (Créditos: Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)


Para falar ainda do time, como não citar o choro de Mara após o título? A central pensou em encerrar a carreira, deixar o time para cuidar da mãe que sofreu um acidente de carro. Não parou. E Léia, que também enfrentou problemas pessoais durante toda a temporada, mas seguiu dando o seu melhor em quadra. Completa o time titular Bruna, oposta que chegou sem tanto entusiasmo, mas com humildade tornou-se decisiva na temporada. Aliem isso a um banco aguerrido e entendemos o título do Minas.

É engraçado que a equipe mineira nem tenha feito suas partidas mais bonitas ou mais emocionantes na final da Superliga, mas fez um pouco do seu melhor de toda a temporada. Não surpreende, o Minas só perdeu um jogo para o Praia na temporada, mesmo assim com Malu improvisada de ponteira. Houve quem dissesse que Fernanda Garay não faria falta ao time - e eu me pergunto se existe algum time no mundo no qual Garay não faria falta. Rosamaria e Michelle começaram bem, dominaram o ataque do time em um dia pouco inspirado de Fawcett.

Aliás, que jogo ruim da oposta! Como Paulo Coco pode deixar como titular uma oposta que vira 1 das 9 bolas que recebe no set e erra/é bloqueada em 4? É jogar pelo adversário! Tá certo que Fawcett vinha com moral do último jogo, mas Paula Borgo é boa jogadora e deveria ter entrado. Omissão, que Lavarini não sentiu para tirar Macris de quadra e retornar com ela no mesmo set, inclusive. Do outro lado, Bruna já havia sido substituída por menos, Malu fechava o set. E mesmo depois de 1 ponto de ataque, Coco voltou com Fawcett de titular no terceiro, set em que saiu zerada no fundamento. 

Mesmo sem conseguir pontuar, Fawcett continuou recebendo confiança de Paulo Coco (Créditos: Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)

O terceiro set teve proprietária: Natália Zílio. Foram 9 pontos, 70% de aproveitamento - assusta qualquer adversário, não é? Lavarini agradece, já que era justamente a bola de Macris com a ponteira a mais desajustada no início do jogo. Do lado do Praia, Lloyd manteve o que fez durante toda a temporada: um jogo fraco. Mas o passe também caiu consideravelmente. 

No quarto set parecia que o Praia ia reagir, mas quem estava lá? Fawcett. Haja incompetência de Paulo Coco... Mais um set zerada no ataque. Não que Paula seja unanimidade, até Rosamaria na saída era opção, mas uma oposta que não vira, não deveria ser. Aí Lloyd se obrigou a jogar pelo meio, usar Fabiana que resolveu finalmente a prestar um papel ao clube e virar umas bolas. Culpamos Lloyd, mas vamos combinar que a fase da bicampeã olímpica já não é boa há muito tempo. No quarto foi a vez de Gabi: 9 pontos com 73% de aproveitamento. Com essa dupla sensacional atuando junta, é difícil parar um time: depois de 17 anos, o Minas é tricampeão brasileiro.

Maior pontuadora do jogo, Natália vibra com o título ao lado do choro de Mara (Foto: Orlando Bento/MTC)


Superliga - Final (Jogo 2)

Dentil Praia Clube 1 x 3 Itambé Minas (25/17, 23/25, 14/25, 26/28)

PRA: Fabiana (15), Lloyd (2), Rosamaria (14), Michelle (16), Fawcett (8), Carol (11), Suelen (L). Ellen (1), Paula (3), Laís, Ananda.

MIN: Mara (8), Carol Gattaz (12), Macris (2), Bruna (6), Gabi (17), Natália (23), Léia (L). Malu (3), Georgia, Mayany (1), Bruninha.

Foto: Orlando Bento/MTC

Classificação Final

  1. Minas
  2. Praia Clube
  3. Osasco
  4. Bauru
  5. Rio de Janeiro
  6. Barueri
  7. Fluminense
  8. Curitiba
  9. Pinheiros
  10. São Caetano
  11. Brasília
  12. Balneário Camboriú

Melhores do Campeonato


MVP – Macris Carneiro (Minas)
Levantadora – Macris Carneiro (Minas) 
Oposta – Nicole Fawcett (Praia Clube) 
Ponteiras – Natália Pereira e Gabriela Guimarães (Minas) 
Centrais – Carol Gattaz (Minas) e Ana Carolina Souza (Praia Clube) 
Líbero – Camila Brait (Osasco) 
Treinador – Stefano Lavarini (Minas) 
Árbitro – Sérgio Cantini
Craque da Galera – Carol Gattaz (Minas) 

(Foto: Celio Messias/Inovafoto/CBV)

Comentários

  1. Acho que a Fabiana ainda tem sim muito a queimar, o problema eh a que acho que a Loyd nao sabe o que a Fabiana representa, inadmissivel ela passar tanto tempo sem receber bolas...

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  2. Parabéns ao Minas time para qual torço desde a época da fantastica Pirv.
    Agora eu já vejo a na seleção a Macris na primeira ousadia que cometer o Zé CONCURDA a substituirá pela RobertaDoisToques.

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  3. Fico muito feliz pelo título do Minas porque é um time bastante consistente, bonito de se ver jogar.

    Insisto em dizer que o problema não foi a Lloyd e sim a Fabiana. Aliás, eu não acho o jogo da norte-americana fraco. Acredito que ela não se encaixou no time, ao contrário do que fez em Barueri.

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    1. O jogo da Lloyd tem decaído ao longo dos últimos anos. Ela tem muita dificuldade de jogar sem passe A. Macris deu uma surra na Carli nessa temporada.

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  4. Lavarini fez um bem danado ao minas e principalmente a Macris.
    Eu nunca tinha visto ela tão serena enquanto recebia um puxão de orelha.
    Ele vai fazer falta

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  5. Nos dois jogos das finais, as atuaçoes de Lloyd e Macris se igualaram, a diferença era que Lloyd tinha que se virar com o passe de Rosamaria e Suellen e Macris com Léia (perfeita nos dois jogos) e Gabi.
    Bruna oposta baixa e toqueira que vive de lampejos que na seleção se equivale a Monique, uma pena a falta de ritmo da Paula, pois se tivesse sido mais utilizada na temporada renderia muito mais quando Fawcett não estivesse bem.
    Como ja escrevi anteriormente, Macris deve ser utilizada na seleção, mas sinceramente não vejo nada que Dani Lins não possa fazer, mas a meu ver a melhor levantadora brasileira da atualidade é sempre preterida Fabíola, lógico que também tem suas limitações.
    Finalizando, acho que Gattaz não tem gás (infelizmente) pra temporada de seleções.

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    1. A Fabíola que não quer a seleção e não o Zé. Vocês desconhecem os bastidores e tiram conclusões.

      * Zé conversou com a Fabíola e ela falou que não queria a seleção. A prioridade são as filhas e o marido que trabalha viajando.

      * Mari Paraíba é uma boa opção e o Zé claro ficou de olho. Mas ela tem o mesmo problema de relacionamento interpessoal que a Mari tinha. As vezes a jogadora é a melhor, mas cria problemas na união do grupo. Então não adianta levar.

      * O Zé adoraria levar Waleska, Fabiana, Sheila e etc. Elas que não querem.

      Não adianta só culpar o Zé sem analisar essas questões de bastidores.

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    2. Acho que o fato de vc gostar de uma determinada jogadora não deve ser motivo para atacar outra . Vejo que tem muita gente que gosta da Macris mas acho desnecessário se referir a uma outra jogadora de uma forma tão grosseira.. .é muita pobreza de espírito desse povo!

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    3. Bruna é melhor que Monique só por sacar viagem. E tbm acho que a Gattaz não aguenta mais jogar pela seleção, infelizmente.

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  6. E o 2 jogo do Vakif e Eczacebasi ? kkkkkkkkkkkkk

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  7. Natália foi a melhor da final, não Macris.

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  8. Macris foi a MVP do campeonato com méritos. Foi um show vê-la jogar em ritmo acelerado, muitas vezes lembrando o Ricardinho. Mas nos dois jogos da final, mostrou sua irregularidade (Alisha Glass?). O nível de imprecisão nas duas partidas, mostra que precisamos de uma levantadora reserva que tenha mão boa. Dani Lins, Fabíola e Claudinha, seriam, nessa ordem, as melhores opções para reserva. Isso se a Macris mostrar que tem condições de ser a titular. A pressão vai ser grande em cima dela.

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    1. Fabíola e Dani brigando pela reserva da Macris cafe com leite? Kkkkkkk
      Cada uma viu.

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    2. Dani Lins parou de jogar bem em Londres 2012.
      Macris e Fabíola deveriam ser as levantadoras em Tóquio. A primeira como titular para acelerar muito o jogo e a segunda como um porto seguro de experiência nos momentos de pane.

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  9. Já que Fabíola e Dani não querem a seleção agora. Preferia Claudinha à Roberta.
    Assim como prefiro a Ivna pela temporada que fez do que a Bruna.

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  10. Quanto ganha o time vencedor e o vice da Superliga? Tem diferença de masculino para feminino?

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