A jogada da Itália para derrubar algoz sérvio e ser campeã do Europeu após jejum de 10 anos

Desde o último final de semana a Itália vive o êxtase da conquista do Campeonato Europeu 2021, o terceiro de sua história. Diferente de confederações como a sul-americana, a asiática e a Norceca, o Europeu tem muita relevância para os seus times.

Por lá a Rússia sempre comandou: foram 19 títulos conquistados (13 como URSS). A Sérvia, já unificada, carrega três e a Itália, até então, tinha dois. O ouro italiano coloca a azurra como segunda maior campeã da história do torneio, ultrapassando a própria Sérvia.

E esse resultado foi conquistado diante do favoritismo sérvio, da freguesia italiana, do retrospecto negativo recente da azurra e diante de mais de 20 mil torcedores sérvios. Afinal, como a Itália se recuperou a tempo do Europeu?

HOJE NÃO, AMADA: Pietrini vence duelo contra Ognjenovic durante partida da final (Foto: CEV)


Aprendizado e humildade, eu diria. A Itália é uma seleção ascendente, que desde 2011 não ganhava um título importante. Aliás, a Sérvia vem sendo seu algoz nos últimos anos: venceu a Itália na final do Mundial 2018, na semifinal do Europeu 2019, nas quartas de final da Olimpíada de 2021. Haja freguesia!

Mas a final do Europeu demonstrou duas seleções em sentido oposto, a meu ver. A Sérvia feliz e satisfeita com seu bronze olímpico e a Itália magoada com sua eliminação precoce. A azurra quis e fez diferente dessa vez. O diferencial foi no estilo de jogo, uma lição tão importante que os EUA ensinaram para todo mundo. 

Enquanto nos deslumbrávamos com Boskovic, Egonu e Zhu, o fundo de quadra e o bloqueio bem montado americano trabalhava para anular todas elas - e fez isso. Uma peça-chave na mudança de estilo da Itália foi a promoção de Orro à titularidade. A levantadora do Monza já vinha de uma temporada melhor e só confirmou isso no Europeu. Mais do que isso: tirou Malinov de sua zona de conforto naquele jogo cadenciado e previsível com Egonu. Malinov que foi importante para a vitória na final.

Sejamos sinceros, até aonde a Sérvia esperava chegar com aquele jogo feio e previsível? Em 2021, Ognjenovic atuou como uma limitada levantadora dos mais frágeis times do leste europeu. Uma grande jogadora nunca adiantou à Ucrânia de Rykhliuk ou à Suécia de Haak para conquistar um título, por que funcionaria com a Sérvia?

O que encontramos foi uma Boskovic cansada, jogando até partidas sem importância, que encontrou uma escola que reencontrou seu jogo ágil de distribuição. Essa Itália ainda está longe de ser a de Piccinini, Del Core, Gioli e Guiggi, extremamente eficientes no passe, extremamente velozes e agressivas, inclusive no meio. Mas essa também não é a Itália de Egonu.

Todo mundo sabe que Boskovic e Egonu são as melhores opostas do mundo, são as atrações de suas seleções. Enquanto ambas pesaram somente nisso, a Sérvia foi inferior, Boskovic acabou com qualquer dúvida sobre quem era a melhor oposta do mundo. E conseguiu resultados até bons, como derrotar a Turquia (que não decepciona mais ninguém) na semifinal.

Itália conseguiu fazer jogo além de Egonu, mas Sérvia seguiu presa a Boskovic (Foto: CEV)


Mas a Itália entendeu que seu elenco vai além disso, sua defesa funcionou, suas meios bloquearam bem e a Itália passou a ser orquestrada pelo estilo de Orro, (saída-ponta-meio, tal como Poulter). Dessa vez, não tivemos um Boskovic x Egonu, mas um Boskovic x Itália, ofensivamente falando, é claro. Quando Ognejnovic tentou diversificar, ali naquele terceiro set, encontrou um grupo totalmente desacreditado nesse fundamento. 

Sobrecarregar Boskovic foi o último golpe de uma seleção que Zoran Terzic, apático, via naufragar. A Itália aprendeu uma importante lição, venceu como seleção e com sua principal jogadora como destaque. Não há dúvidas: essa geração da azurra merecia como ninguém mais esse título!

Campeonato Europeu - Final

Itália 3 x 1 Sérvia (24-26, 25-22, 25-19 e 25-11)

ITA: Orro, Chirichella 5, Danesi 8, Pietrini 13, Sylla 20, Egonu 29 e De Gennaro (L). Sub: Malinov 2, Gennari, Parrochiale.

SER: Lazovic 2, Popovic 13, Ognjenovic 3, Rasic 12, Boskovic 20, Milenkovic 4 e Popovic S. (L). Sub: Busa.

Tricampeonato da Itália garantiu retomada da azurra como segunda maior campeã da Europa, vaga que pertencia a Sérvia, até então (Foto: CEV)


Comentários

  1. O terzic deveria ter usado a bjelica como ponteira para ver se funcionava algo naquele time. Porque nenhuma ponteira virava então não ia ter como piorar do que aquilo; poderia arriscar. No polonês Mesmo algumas vezes ela dava certo e dividiu a responsabilidade com a Bruna.

    ResponderExcluir
  2. Se as duas tem 3 títulos europeus porque a Itália retomou o segundo lugar?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Também não entendi a matemática dele.

      Excluir
    2. Com 3 títulos elas empatam em ouros, mas a Itália tem mais pratas.

      Excluir
    3. ^^ kkkkkkkkkkkkkkkkkkk. E? Tem mais pratas, mas continuam com o mesmo número de títulos. Nada a ver essa informação no texto.

      Excluir
  3. Eu gostei deste título da Itália. Finalmente o Mazzanti foi o técnico que se espera e com isso as meninas corresponderam em quadra. São uma grande seleção. Vitória merecida.

    ResponderExcluir
  4. O diferencial foi que as ponteiras italianas atacaram e até passaram bem, as sérvias, tomaram tocos, errarram ataques e passes exageradamente. Apenas isso.

    ResponderExcluir
  5. Sérvia é uma seleção de "2 notas", centrais e oposto, por sua vez a Itália jogou com sangue nos olhos uma concentração talvez vista apenas no mundial de 2018. Na minha opinião Malinov é bem melhor que a Orro, suas bolas de ponta são mais precisas e fez Sylla jogar muito no ataque. A Orro só serviu pra acordar a Malinov pra vida.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Oi, gente!

Obrigado por comentarem aqui, mas peço que vocês façam isso com respeito para mantermos um nível de discussão agradável. Ofensas pessoais à jogadoras e a outros membros não serão aceitas. É um prazer voar com vocês! ;)