Brasil x Rússia: clássico de rivalidade que fica mais perigoso com crescimento das europeias

Clássico com rivalidade: é o que promete o encontro de Brasil e Rússia na manhã desta quarta-feira em Tóquio. As duas seleções têm encontros épicos e históricos na história olímpica: Atenas em 2004 quando a Rússia virou contra o Brasil e foi à final, Londres em 2012 quando o Brasil vai da pré-eliminação ao ouro. Gigantes históricas, só uma sairá viva deste confronto de quartas de final.

O Brasil é favorito e eu até poderia dizer isso com tranquilidade. A Rússia vem de um ciclo sofrido e mal elaborado, trocou de técnico quatro vezes, perdeu jogadoras por lesão e desistência, chegou a Tóquio com várias peças inexperientes ou em má fase. Lá na VNL o Brasil passou por elas por 3 a 0, com direito a um 25 a 11.

Tandara ataca contra bloqueio de Fedorovtseva em partida da VNL (Foto: FIVB) 

Assim, vocês podem me dizer: "então está fácil, essa Rússia é frágil, vai ser um 3 a 0"! Porém, há duas considerações importantes. A primeira é que no confronto contra o Brasil na VNL, a Rússia usou quase todo o seu time reserva e nomes como Startseva, Fetisova, Goncharova e Malova nem foram relacionadas para aquela partida. Sempre me perguntei por que Sergio Busato fez aquilo, "entregando" o jogo - hoje faz sentido. O Brasil, titular na VNL, ainda não enfrentou essa Rússia de 2021 e provavelmente o técnico premeditava esse confronto nas quartas de final, imaginando que as chances russas eram de ficar em 4º.

O segundo ponto a ser considerado é a campanha olímpica até aqui. A Rússia que estreou contra a Itália é semelhante à da VNL, perdida, muitos erros, passadoras fracas. Na terceira partida, a Rússia cruzou e soterrou a China, batendo as ainda atuais campeãs por 3 sets a 2. Dali, a Rússia renasceu e passou o trator por cima dos Estados Unidos por 3 sets a 0.

A Rússia chegou na última rodada com chances reais de terminar em primeiro e só não ficou em terceiro pela diferença de sets (set average). Fez extremamente bem ao time russo o grupo da morte, a Rússia criou uma casca e se reinventou durante a competição. Esse estilo de jogo é completamente perigoso, elas vêm com três extremas muito perigosas e eu até diria que a mais importante delas é Voronkova. 

Rússia fez um grande jogo contra a Turquia, mas acabou superada no tie-break (Foto: FIVB)

Talvez pareça irônico, mas Voronkova vem aliando bom passe a eficiência no ataque, tão grande ou semelhante a de Goncharova e Fedorovtseva. O fator mais surpeendente da Rússia é seu bom fundo de quadra, comandado pela excelente líbero Malova.

Aonde o Brasil leva vantagem? Na velocidade, mas precisa sacar bem. As gigantes estão atuando bem na defesa e no passe, mas a gente sabe que sofrem nesses fundamentos. Provável titular, Roberta precisará de suas centrais para bater de frente com a Rússia. No jogo pelo meio, elas perdem. 

Único invicto da Olimpíada, Brasil pega primeiro grande adversário do Grupo B (Foto: FIVB)

O Brasil também precisará se atentar ao saque forçado da Rússia, elas têm 2 entre as 10 melhores sacadoras da competição. Fedorovtseva é a melhor delas e se elas sofrem no passe, também vão tentar fazer sofrer. 

Repito que considero o Brasil favorito nessa partida, mas acredito que esse será um adversário ainda maior do que a Sérvia foi. Sim, nós temos um grande clássico pela frente!