5 motivos para comemorarmos a criação da Liga Americana

A Athletes Unlimited (AU), uma associação independente da federação nacional (USAV), promoveu em 2021 a primeira liga profissional da história do voleibol feminino nos Estados Unidos. 

Em um país cheio dominado pelo basquete e pelo futebol americano, o vôlei tem pouco espaço como esporte coletivo, apesar de ter seleções fortes e até medalhistas olímpicas. A solução encontrada por organizadores e jogadoras foi criar uma liga fora dos moldes tradicionais.

Pontuação individual, montagem de times a cada semana, três sets independente do resultado. Tudo muito estranho para nós, mas necessário para promover o interesse do público-alvo. 

As quatro melhores atletas da liga receberam medalhas; já a líbero Velez recebeu um prêmio por votação (Foto: AU)


E deu certo! A AU anunciou que a primeira temporada teve associados (membros que pagaram para participar) em todos os 50 estados americanos, além de ter atingido outros 29 países. O sucesso foi tanto que a AU já confirmou a temporada 2022.

Mas afinal, por que essa liga "estranha" merece tanto destaque e comemoração? Juntamos cinco motivos para te ajudar a entender porque a AU vai muito além do que vemos em resultados.

1. Americanas podem ficar em casa

Imaginem só a vida de Micha Hancock, por exemplo. A atleta está no campeonato mais duro e um dos mais longos do mundo, com poucas opções de descanso ou folga em seu time. Saindo do Italiano, tende a ter menos de um mês de folga até ser convocada para a seleção. 

Acabando os compromissos com a seleção, muitas dessas jogadoras como Hancock vão diretamente para o país em que atuarão: Itália, Turquia, Brasil, Alemanha, Japão, China... Boa parte delas não consegue passar um Natal ou um aniversário com a família. 

Karsta Lowe preferiu jogar em casa, depois de duas temporadas consecutivas na Itália (Foto: AU)


Para as americanas, se quiserem seguir no vôlei profissional é assim, tudo ou nada. Algumas desistem por esse motivo: Krista Vansant, Kelly Hunter, Cassidy Lichtman, Karsta Lowe. Não importa o quão boas e promissoras sejam, optam pela vida que sempre tiveram e por suas carreiras extra-quadra.

A liga americana é uma nova possibilidade que trouxe Hunter, Lowe e Lichtman de volta às quadras. O campeonato curto e dentro dos EUA ajuda mais ainda. É uma chance para jogar voleibol profissionalmente com alguns dos melhores técnicos do país, ganhar algum dinheiro e poder voltar para casa, para suas famílias, sem grandes sacrifícios. Isso é humanamente comemorável!

2. Valorização feminina

Você já ouviu falar de alguma liga profissional de voleibol masculino nos EUA? Não existe mesmo, ou seja, as mulheres saíram na frente. A Athletes Unlimited é uma associação exclusiva para as mulheres e está ligada inclusive ao apoio a elas fora das quadras.

A instituição valoriza, por exemplo, a maternidade de suas atletas e dá todo suporte nesse sentido. Quer prova maior do que as gêmeas de Sheilla brincando nas quadras de Dallas? 

Tem mais uma: a AU foi organizada por mulheres, atletas que compõem seu elenco.

Filhas de Sheilla Castro acompanham a mãe durante treinos (Foto: AU)


3. Toda jogadora apoia uma causa

Aposto que você não sabia disso, não é? Toda atleta da AU escolhe uma instituição sem fins lucrativos para ajudar. Ao final da temporada, a AU em parceria com a Give Lively, promove uma doação de 50% do valor recebido em bônus pelas jogadoras.

A campeã Jordan Larson escolheu a Pink Fund, uma fundação que apoia mulheres com câncer de mama para além do tratamento médico. Quer engolir o choro comigo? Larson perdeu a mãe para o câncer de mama em 2009, após sete anos de luta contra a doença. A mãe nunca deixou de apoiá-la e com seu primeiro lugar, Jordan garantiu a doação à fundação.

Kae Clough abraça Jordan Larson durante jogo do Nebraska; mãe da jogadora faleceu quando ela ainda estava na universidade (Foto: reprodução) 


Deja McClendon é outro exemplo, em todos os sentidos. A ponteira apoia a Bald Girls Do Lunch, uma associação para mulheres com alopecia areata, doença que causa queda ou falhas no couro cabeludo, além de sobrancelhas e cílios. Deja foi diagnosticada e enfrenta a doença desde os 12 e por isso decidiu raspar o cabelo.

Sheilla e Bethania De La Cruz apoiam a fundação &Mom, que apoia mulheres atletas que tornam-se mães e querem continuar a ser atletas. Já a canadense Brie King apoia a fundação The Refuge, que apoia vítimas do tráfico humano por toda a vida. Lowe e Hunter apoiam a Step Up For Mental Health, sobre o apoio a pessoas com problemas mentais.

4. Apoio ao futuro com o projeto Starlings

A Athletes Unlimited também mantém uma parceria de incentivo com o projeto Starlings Volleyball, criado pela ex-jogadora Kim Oden. O Starlings promove escolas de voleibol gratuitas a meninas de 10 a 18 anos em mais de 50 cidades e reservas indígenas dos EUA.

A liga promoveu uma série de atividades (embora limitadas pela pandemia) para ligar as meninas do projeto às atletas da AU, como conversas virtuais e troca de mensagens. Algumas delas chegaram até a se encontrar presencialmente e assistir um jogo.

AU promove intercâmbio entre atletas profissionais e meninas do projeto Starlings (Foto: reprodução/AU)

5. Uma liga a mais e mais oportunidades

A Liga Americana é uma nova oportunidade para atletas do mundo inteiro e também uma ótima vitrine para meninas recém-formadas que podem usar esse torneio como uma vitrine para o mercado do voleibol mundial. 

Um ótimo exemplo disso é Leah Edmond, que apesar de ter se lesionado, chegou a ficar entre as quatro melhores pontuações do torneio. A jogadora, graduada em 2020, nem precisou sair de "casa" para se destacar para grandes ligas. E olho nela!

Leah Edmond foi uma das principais revelações da liga (Foto: AU)


Outro bom ponto da liga é dar oportunidade para as líberos americanas que dificilmente tem mercado no exterior antes de passarem pela seleção. Tifanny Clark e Kristen Tupac agradecem! Além disso, atletas que não tem tanto mercado no exterior, também podem ser opção.

A AU receber estrangeiras permitiu ainda que nomes como De La Cruz, Aurea Cruz e Aliyeva, atletas experientes que não têm liga em seus países, pudessem ter uma oportunidade de jogar profissionalmente. E viva o voleibol!

Comentários

  1. Acho que uma coisa que poderia mudar nessa liga é a parte de ficar mudando os times toda a semana, a levantadora não cria liga com as suas companheiras, não tem aquele entrosamento bacana, isso é muito perceptível nos jogos.

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    1. Isso é bem cansativo, né? Mas acho que é isso que faz um pouco mais empolgante, o "draft".

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  2. A mãe da Larson faleceu em 2009* e a avó da atleta 10 anos depois.

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    1. Eu quis dizer sobre a mãe, erro de digitação, desculpem.

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  3. Como forma de lançamento e divulgação da nova liga as organizadoras acertaram em cheio e o sucesso pelo visto foi total. Não se concebe um país como os EUA, sem campeonatos nacionais de voleibol. Todas as envolvidas estão de parabéns pela atitude esportiva-cidadã!

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  4. Eu particularmente gostei da liga e torço muito para que se perpetue e cresça. Achei o draft divertido, mas focos individuais em esporte coletivo me incomoda um pouco. Quanto ao nível dos jogos, eu gostei, superou minhas expectativas. O estilo de jogo americano de bolas rápidas e muita defesa me agrada. Os jogos são mais emocionantes que o Turco, por exemplo, que só as opostas jogam e centrais fazem figuração (com "exceção" do Vakif). Não tinha nenhuma grande definidora nos times e todo mundo recebia bola, as levantadoras forçavam bastante com as centrais e eu vi muitos rallies, imagino que deva ser difícil para as levantadoras que tem que jogar com jogadoras diferentes toda semana, então até perdoo alguns erros.

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    1. Ela não joga mais, uma pena, além de linda, era boa jogadora, meu sonho de vê-la no Osasco não se realizou, ela se encaixaria perfeitamente.

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    2. Ela é assistente técnica do time de volei na Universidade de Indiana desde 2018. Ela jogou profissionalmente até 2016, quando atuava pelo Volero Zurich da Suiça.

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  6. Polina escrachou a Elba Ramalho KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

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    1. Sim, tô morrendo aqui. kkkkkk
      A avatar azeri falou que a Cuca tá querendo atenção já que o botox, o silicone e as tatuagens não estão sendo suficientes. BRR!!!
      Já a Gretchen, desdenhou falando que não perde tempo com isso, pois está se preparando para mais uma final e que ela é amada pelo time dela, diferente da Polina. kkkkkk
      Meu Deus!!! Desde já amo a Polina, pois finalmente disse umas verdades para a Thaisa que eu gosto também, mas se acha a última coca-cola. Kkkkkkkk
      Polina tá irada, porque o retardado namorado da Thaísa, a ofendeu numa live na hora do jogo do Minas com o Bauru. Tomara que ela processe esse imbecil!

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    2. Hahahahaha finalmente alguém falou algumas verdades pra Thaísa. De um tempos pra cá to achando ela muito arrogante. É uma jogadora incrível, mas vive de afronte e de gritaria durante o jogo, inclusive com palavrão.

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    3. Nas entrevistas, Thaisa sempre enaltece os adversários e atribui os resultados positivos do Minas a todo o grupo, isso é o oposto de arrogância! Se quiser nomear alguém arrogante fale da Amanda...que além de não jogar nem metade do que Thaisa joga, se acha a dona do Flamengo e da Sl! Quanto às manifestações e afrontes de Thaisa durante os jogos está no seu pleno direito e em nenhum momento desrespeitou jogadoras adversárias ou técnicos. Thaisa simboliza superação e é atualmente a melhor jogadora brasileira em atividade, sem mais! Tandara, por exemplo, se acha muito mais do que Thaisa, vide que jamais considera o mérito dos adversários quando sai derrotada!

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    4. Thaísa só chama as adversárias de filhas de puta pra baixo, mas ok kkk. Tandara é perguntada sobre a performance do time e dela própria e fala sobre isso.

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    5. Thaisa não é a única que chama as adversárias assim quando depois de alguma ação de bloqueio ou ataque, por favor neh...isso não é exclusivo dela...e mesmo assim ela não está virada para as jogadoras, o que, ai sim, configuraria algum desrespeito...Tandara não é de hoje que nunca assume a superioridade do adversário, não foi só nessa superliga não...

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    6. "Quanto às manifestações e afrontes de Thaisa durante os jogos está no seu pleno direito e em nenhum momento desrespeitou jogadoras adversárias ou técnicos."

      "Thaisa não é a única que chama as adversárias assim quando depois de alguma ação de bloqueio ou ataque..."

      A contradição kkk. Thaísa sempre foi uma baita mal educada em quadra, mas enfim.

      Não há problemas da Tandara ser super focada na própria performance e do time que está jogando. É melhor não falar do adversário do que depreciá-lo, como umas outras aí costumam fazer.

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    7. Não foi contradição, não! Não foi negado que Thaisa chama as adversárias assim, porém não há desrespeito, pois ela não fala se dirigindo às jogadoras...Thaisa melhor jogadora do Brasil! Soberana, digna, e se bobear melhor central do mundo! Chora o que quiser!

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    8. Já há o desrespeito só em dizer que as adversárias são filhas da puta, pelo amor de Deus. Nem todas as atletas apelam para baixarias assim. Chorar por causa de uma barraqueira dessa, hmm kkk bjs.

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  7. Gustavo, parabéns pela matéria! É louvável a sua dedicação em trazer conteúdos relacionados ao esporte que amamos e que só vc publica.

    Eu particularmente não gostei do formato da Liga, mas tudo isso que vc trouxe como ponto positivo é o que realmente importa, além de que para o esporte cresça é importante conquistar novos públicos e esse formato foi pensado para isso. Um abraço e segue com esse empenho e dedicação.

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    1. Obrigado, Diogo! Eu acabei de fazer uma pesquisa sobre a Larson e achar essa matéria. Me achar no Google é mais fácil que encontrar algo na minha memória hahaha

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  8. Anonimo! o que a Polina falou sobre a thaisa? e onde falou? (e falou sobre mais alguma j0gadora?)

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  9. Polina sobre Thaisa:
    Thaísa estava feliz com isso, porque ela pôde receber mais atenção. Ela pode utilizar meu Instagram ou minha pessoa para ser mais famosa porque seu botox, silicone e tatuagens não têm sido suficientes. Se quer mais atenção, posso fazer um post especialmente para você, é só pedir.

    Sobre Pani Lins:
    Dani Lins às vezes tem recepções ruins. Eu compreendo, todas as levantadoras também têm esse mesmo problema. Às vezes ela levanta bolas perfeitas e às vezes muito mal. Mas isso é do jogo, nós temos de apoiar umas às outras. Eu não posso dizer que ela é uma levantadora ruim.

    Sobre Tiffany:
    O que eu penso sobre a Tifanny? É uma jogadora forte, mas ela tem que jogar três sets, em um 3×0, e acabou, pois ela tem dificuldade de resistência para continuar.

    Só disse verdades, mesmo sem ética, é bom sempre ver alguém dizendo algumas verdades. Kkkkkkk

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  10. Bah, bem sem ética mesmo! mas algumas coisas que ela falou estão certas. Não acho dani lins boa levantadora. E o pior é que zé roberto pode levar ela a tóquio

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  11. Dani Lins já deu na seleção!!!!Acho que ela já teve os momentos de glória dela,então a vaga tem que ser para Macris de titular e Roberta na reserva!!!!Uns podem até dizer que Dani Lins possui uma vasta experiência(o que é verdade)só que precisamos analisar quem estar melhor no momento e nessas duas temporadas a Macris é unânime e a Roberta está na segunda posição para o posto de levantador.

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    1. Pois guarde o que eu vou lhe dizer: Macris e Roberta não serão as levantadoras de Tokyo - não juntas! O ZRG não vai levar duas levantadoras que não tem experiência olímpica. Só um desempenho muito ruim pode tirar a Dani Lins da olimpíada. Macris e Roberta disputam a outra vaga.

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  12. E sobre a Krista Vansant:Que pena que ela n joga mais!!!!!Ela era uma ponteira com ataques consciente no melhor estilo estadunidense possível,tinha tudo para se tornar uma clássica ponteira!!!!!!

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  13. Fernando! concordo com vc. Por mais que eu ache que a Dani Lins já deu, eu acho que o Zé Roberto adora ela. Acho que ela vai a Tóquio.

    Lembremos que Zé Roberto preferiu cortar fabiola em um momento em que ela estava voando, do que cortar Dani Lins

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  14. Espero que essa liga americana seja ampliada e contemple a versão masculina também e com o tempo o nível provavelmente irá crescer com a participação de mais atletas mundo afora! Tem tudo para dar certo e ser mais um polo atrativo para o vôlei, ainda mais sendo nos EUA, país do esporte! Fomentando o voleibol dessa maneira, e ainda de uma forma tão criativa, pode despertar cada vez mais interesse de patrocinadores e audiência. A semente está lançada.

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  15. Achei que a matéria teria algum argumento técnico sobre os benefícios para o bem do vôlei nos EUA. No entanto, só vi a hipocrisia do politicamente correto...

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