Quem ganhou e quem perdeu nos amistosos entre EUA e Brasil?

Duas das melhores seleções do mundo, Estados Unidos e Brasil deixaram um legado após a vitória americana por 4 a 0. Enquanto so EUA buscam definir muitas de suas vagas, o Brasil só precisa tirar dúvidas - as posições de levantadora e centrais já estão definidas, por exemplo. Considerando esses aspectos, avaliamos as performances das jogadoras das duas seleções nos amistosos entre quem ganhou e quem perdeu com os jogos. Confira abaixo:

Estados Unidos

Annie Drews (GANHOU): sem dúvidas é a grande vencedora ou uma das que mais ganhou nesses amistosos. Eu já considerava Drews uma carta fora do baralho depois de seu fraco desempenho na Liga das Nações, mas parece que uma nova jogadora surgiu nos amistosos. Braço rápido, muito bem fisicamente, saltando muito e com teor de oposta de definição - algo raro para uma oposta americana. É a melhor opção dentre as três do grupo. No primeiro jogo entrou apenas em inversões de rede e fez 11 pontos, no quarto jogo fez 21.

Sucesso de Annie Drews foi a grande sensação dos amistosos; oposta teve inesperadas e excelentes atuações (Foto: Matt Brown/USAV)

Madison Kingdon (GANHOU): chegou ao Brasil com o status de 5ª ponteira, aquela que só chegaria ao Mundial se algo acontecesse com as outras quatro. Mas tudo mudou a partir do terceiro jogo, quando chamou para si a definição na virada do "time C" e na partida seguinte veio voando, fazendo 25 pontos contra o bloqueio alto das brasileiras. Wilhite que se cuide!

Sarah Wilhite (PERDEU): fez uma ótima primeira partida, passadora excelente e muito boa no ataque. Mas não voltou a atuar efetivamente nos amistosos seguintes, talvez por algum problema físico. Ainda assistiu do banco ao ótimo desempenho de sua rival direta pela vaga, a companheira Madi Kingdon.

Michelle Bartsch (GANHOU): ela não tem nada a provar para ninguém e veio para o Brasil para ganhar mais experiência como titular. Como se precisasse, Bartsch é mais garantida do que Hill e Larson e é muito mais eficiente no ataque do que ambas. Foi testada no Brasil e só pudemos assistir ao grande desempenho ofensivo dela. Já estava confirmada no Mundia, agora está de novo.

Simone Lee (PERDEU): teve uma atuação muito ruim no terceiro jogo e quase viu o Brasil fazer um 3 a 0 por seu demérito. Se recuperou, mas demonstrou que está atrás tecnicamente das demais ponteiras americanas. Lee deve ser dispensada em breve.

Karsta Lowe (GANHOU): depois de dois anos parada, era natural que Lowe voltasse apática ao seu primeiro compromisso no exterior, certo? Errado. A oposta mostrou que vai brigar pela segunda vaga entre as opostas, apesar de estar fisicamente e tecnicamente atrás, principalmente de Drews. Mas pontuou mais do que Murphy normalmente faz, sempre passando dos dez pontos e mostrando-se matadora no bloqueio.

De volta às quadras, Karsta Lowe mostrou que está dentro da briga por vagas no Mundial (Foto: FIVB)

Rachael Adams (MÉDIO): os desempenhos de Adams não encantam mais como há alguns anos. Entretanto, teve uma grande atuação no primeiro jogo, quando jogou com Hancock e fez 14 pontos. Mas no terceiro jogo, ao lado de Carlini, a central foi mal e fez apenas 9 pontos em 5 sets. Convenhamos que a recepção não ajudou e Carlini também não, mas não era o dia de Adams.

Tetori Dixon (PERDEU): para quem saiu da Liga das Nações como uma das melhores centrais, Dixon nem se aproximou desse desempenho nos amistosos. Fez 7 e 6 pontos quando foi titular, o pior desempenho dentre as centrais. Se o status da premiação não influenciar, deve estar na zona de risco e tende até a perder a última vaga.

Chiaka Ogbogu (GANHOU): Adams e Dixon que se cuidem, ela chegou. Ogbogu mostrou-se um paredão e saiu dos dois jogos em que foi titular com mais de 10 pontos. Anulou jogadoras como Tandara e Gabi em sequência e jogou muita bola na segunda partida. Se tinha poucas chances, entrou definitivamente na briga pelas vagas do meio.

Lauren Gibbemeyer (GANHOU): vive uma ótima fase a central e foi a melhor da posição ao lado de Ogbogu. Pontou bem, atacou com experiência e tem uma china muito veloz, muito boa. Eu diria que Lauren praticamente garantiu sua vaga nesses amistosos.

Micha Hancock (GANHOU): se alguém tinha dúvidas de Micha é uma das melhores levantadoras dos EUA, elas se acabaram nos amistosos. A levantadora teve poucas chances a nível mundial, mas mostrou que tem categoria e tática suficientes para substituir Lloyd, caso necessário. Usa melhor as centrais e é muito veloz, algo imprescindível para o jogo americano. Está a um passo do Mundial.

Atuações de Micha Hancock solidificaram-na como capaz de assumir a seleção (Foto: FIVB)

Lauren Carlini (PERDEU): se Hancock ganhou, alguém perdeu. Carlini foi a titular durante o melhor jogo dos EUA na série, mas também foi a titular no pior deles. A jogadora tem mais dificuldade de jogar com o meio, característica já conhecida dela, além de ser mais nova e menos experiente do que Hancock. Não deve jogar o Mundial, apesar de ter feito bons jogos.

Amanda Benson (PERDEU): segunda líbero dos EUA, Benson deve acompanhar a dispensa da colega de posição, Wong-Orantes. A líbero só atuou na terceira partida e teve um desempenho questionável, sofrendo no passe e errando movimentos de defesa. Para piorar sua situação, ainda teve que assistir a belos jogos de Courtney na posição.

Megan Courtney (GANHOU): ponteiras que passam melhor do que líbero é a nova tendência nos EUA e isso fez toda a diferença pelas mãos de Courtney. A ponteira, que se recupera de uma lesão complicada, ganhou muito nos amistosos e se solidificou como ótima passadora e uma defensora muito boa. Parece ser o fim da era das líberos de ofício nos EUA.

Brasil

Tandara Caixeta (PERDEU): a oposta nem de perto foi a atacante que somos acostumados a ver. Sua melhor atuação foi no segundo jogo, embora tenha feito 17 pontos no terceiro. A seleção que já foi criticada por ser dependente de Tandara não viu sua oposta reagir e assistiu ao fechamento da série com sua pior atuação e 10 pontos em 4 sets. Prova dessa preocupação foi a rápida convocação de Monique pelo técnico José Roberto Guimarães.

Rosamaria Montibeller (GANHOU): a impressão ruim em ter saído zerada no ataque na última partida não pode tirar os três bons jogos que Rosa fez antes. Ela também já estava a um passo do corte, mas eu diria que sua entrada no primeiro jogo mudou essa história. A jogadora saiu dos três primeiros jogos com uma média superior a 12 pontos. A exceção foi o quarto, o pior dela. Entretanto, virou uma importante opção ofensiva.

Rosamaria fez um grande primeiro jogo contra os EUA (Foto: CBV)

Amanda Campos (PERDEU): ponteira de confiança de Zé Roberto, pontuou pouco e errou muito, principalmente na segunda partida, onde teve seu pior desempenho (apesar de ter feito 11 pontos). Mas não dá para cobrar tanto de Amanda no ataque, foi no passe mesmo que a jogadora decepcionou e foi pior do que Rosamaria neste fundamento. Sem passe e com ataque debilitado, tende a ser uma das menos favorecidas na lista do técnico.

Gabi Guimarães (GANHOU): a ponteira foi a melhor jogadora do Brasil na série. Errou muito, mas é preciso considerar que seu retorno depois de uma lesão ainda é gradual. Foi a maior pontuadora nos três jogos em que foi titular e saiu com média superior a 17 pontos dos mesmos. Garantiu-se no Mundial - embora já estivesse rs.

Fernanda Tomé (PERDEU): teve poucas chances, acabou jogada para a saída e não rendeu. Se esperava uma boa oportunidade, frustrou-se. Fez um ponto em toda a série, pontuou mais em erros do que em acertos. Não tem chances de ir ao Mundial.

Dani Lins (PERDEU): ainda que seja provavelmente a titular, Dani ainda está abaixo do esperado. Fica difícil avaliar as levantadoras do Brasil com o nível de passe, mas é fato que a jogadora esteve em quadra nos dois piores momentos da seleção nos amistoso e não conseguiu superar a pressão adversária.

Recepção instável e dificuldade na virada de bola atrapalharam o retorno de Dani Lins à seleção principal (Foto: CBV)

Roberta Ratzke (PERDEU): assim como Dani, não pode ser culpada pelo passe muito fraco nos amistosos, mas Roberta ainda sofreu mais. No primeiro jogo insistiu com Bia em má fase e no segundo viu Rosamaria e Tandara caírem se produção sem conseguir recuperá-las.

Thaísa Daher (MÉDIO): é difícil considerar a situação de Thaísa. Não teve um grande desempenho, mas é preciso considerarmos que ela voltou de uma lesão gravíssima e seu recorde de 9 pontos no terceiro jogo já é considerável para ela. Pontuou pouco, mas tende a voltar bem, embora ainda esteja sofrendo muito no bloqueio.

Carol Silva (PERDEU): não teve muitas oportunidades, mas também não foi muito bem quando entrou. No único jogo em que foi titular fez apenas 5 pontos e não entrou bem nos dois últimos jogos. 

Bia Correa (PERDEU): Bia só conseguiu confirmar uma fase muito ruim, coroando maus jogos que fez pela Liga das Nações. Nos dois primeiros jogos somados fez apenas cinco pontos e quando começou a mostrar uma boa atuação no quarto jogo, exagerou na comemoração e machucou-se. Caiu muito de rendimento com relação ao ano passado.

Depois de um 2017 bom, Bia vem sofrendo no ano do Mundial (Foto: FIVB)

Adenízia Silva (MÉDIO): Ade fez um bom primeiro jogo, mas não repetiu a boa atuação. Não manteve um alto padrão de jogo, mas foi de longe a melhor central brasileira na série de confrontos.

Gabriella Souza (PERDEU): sofreu muito no passe e não conseguiu superar a pressão de um time com saque bom como os EUA. Não dá para cobrar muito de Gabiru, que ainda volta de lesão, mas apresentou-se abaixo do esperado nos amistosos e reforçou a preocupação com o retorno de Suelen.