Rio, Paraná, Rexona ou Sesc: de quem são os títulos da Superliga?

Vocês já pararam para pensar a quem pertence, de fato, os títulos da Superliga de Vôlei? Obviamente o sentido desta pergunta não é desmerecer nenhum deles. 

Uma situação curiosa nos fez pensar nesta temporada: a Unilever, empresa idealizadora do projeto que acompanha o time de Bernardinho desde a criação em 1997, encerrou a parceria. Mais do que isso, a Unilever passou a investir em outro time, o Praia Clube de Uberlândia, com muito menos investimento e indiretamente, é verdade, mas ainda com ligação ao clube. Essas questões nos levam a pensar: e se, eventualmente, a Unilever assumisse o Praia Clube? Ela levaria seus títulos? Definitivamente não. 

A história do projeto da Unilever

O time do Rexona foi criado em 1997 pela multinacional Unilever, com sede na cidade de Curitiba, estado do Paraná. O time jogou por lá durante seis temporadas e conquistou dois títulos. Em 2003, o projeto foi transferido para a cidade do Rio de Janeiro, onde conquistou outros dez títulos, somando 12 campeonatos nacionais ao projeto da Unilever. Entretanto, a multinacional decidiu finalizar o projeto em 2017 - o projeto, não o clube. 

(FOTO: ALEXANDRE LOUREIRO / INOVAFOTO / CBV)

Clube x Patrocinador

No Brasil, o registro é feito por um clube: Rio de Janeiro VC, Osasco VC, Minas TC, etc. O cadastro é feito junto à Confederação pelo CNPJ dos times e não por projetos de empresas. Entretanto, os clubes utilizam de nomes-fantasia, que podem ser alterados a cada temporada e são determinados pelos clubes e patrocinadores. Neste caso, temos atualmente Sesc RJ, Vôlei Nestlé e Camponesa/Minas, dos exemplos citados. 

Entre 1997 e 2003, o projeto do Rexona tinha sede em Curitiba e era registrado pelo extinto Paraná Vôlei Clube. O CNPJ era diferente e está atualmente inativo. Em 2003, a Unilever transfere o projeto para o Rio, sob novo CNPJ e novo clube. Portanto, os títulos conquistados pelo Paraná VC são do clube e não da Unilever e ao chegar ao Rio, é criado um novo time. 

Para explicarmos melhor essa diferenciação, vamos pegar a liga italiana como exemplo. Lá, diferente do Brasil, os títulos são de projetos e não de clubes. Um exemplo disso é o Scavolini Pesaro, tricampeão italiano que teve passagens de brasileiros, como José Roberto Guimarães, Sheilla e Mari. Em 2013, a Scavolini decidiu encerrar a parceria com a cidade de Pesaro e por isso, o time foi à falência. Entretanto, direções locais queriam manter o projeto e posteriormente se associaram a outro projeto, a Snoopy Volley e aí foi criado o MyCicero Pesaro, time que disputa a liga principal neste ano. 

MyCicero Pesaro não herdou histórico vencedor do extinto Scavolini Pesaro (Foto: Lega/Divulgação)


Assim podemos desassociar a diferença de registros: quando a Unilever deixa o Rio de Janeiro VC, o time continua a existir. Quando a Scavolini deixa o Pesaro, o time acaba e só volta a existir sob um novo projeto, o MyCicero Pesaro. No Brasil, o responsável é o clube, na Itália, o patrocinador/projeto.

Por isso, é errôneo dizermos que o Sesc tem 12 títulos. Não podemos considerar o patrocinador dono dos dois títulos da época do Paraná VC. Afinal, se considerássemos projeto, hoje poderíamos dizer que o Sesc tem apenas um título de Superliga e o Praia Clube, poderia ser eneacampeão. Em outro caso, poderíamos dizer que Osasco herdaria os títulos do Leites Netlé - que seriam três campeonatos nacionais e um mundial de clubes, por exemplo - já que tem o mesmo patrocinador. 

Obviamente, nosso objetivo não é desmerecer nenhuma das equipes e seus títulos, mas acabar com a dúvida de quem tem a autonomia sobre os títulos: o clube. Portanto, é errôneo dizermos que o Rio de Janeiro VC é duodecacampeão e sim decacampeão. 

Bernardinho e Fernanda Venturini foram mentores do Rexona no Paraná (Foto: Divulgação)


#NãoMeOdeiemPorFavor

Comentários

  1. Matéria interessante, mas gostaria de saber onde você achou a informação de que o CNPJ do time de Curitiba foi alterado?! Ha alguns anos eu li uma matéria dizendo justamente o contrário, que a equipe do Rexona(com sede em Curitiba) manteve o mesmo CNPJ e mudou apenas de Estado, mas agora me pergunto se essa informação era verdadeira, já que voce colocou esses pontos.

    Obs: Tentei procurar a reportagem, mas não encontrei. Falava algo sobre o Paraná Vôlei Clube ser uma espécie de projeto da Unilever

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    1. Oi Rodolpho.
      Acesse por aqui:
      http://empresasdobrasil.com/empresa/rio-de-janeiro-volei-clube-06284631000166

      O CNPJ é esse número do final do link da matéria, que você pode pesquisar no site da Receita Federal também.

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  2. Gustavo Aguiar, sabe me dizer quando a tão esperada ponteira de Osasco será apresentada?

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  3. Meu nobre, procure fontes, ouça os envolvidos antes de escrever as coisas. Assim você correria menos risco de falar besteira.
    O verdadeiro e bom jornalismo é feito dessa maneira. Te afirmo que não dói nem um pouco ser fiel as fatos, ouvir todos os lados envolvidos com um assunto é só então publicar algo.
    Tente da próxima vez.
    Abraço

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