WGP: Brasil renova poder de superação e bate 'melhor seleção do mundo'

Duas seleções completamente diferentes atuaram nesse Grand Prix. Na fase de classificação vimos um Brasil fraco, pobre tecnicamente, abatido. Centrais pouco eficientes, uma oposta que mal pontuava, um passe sofrível e uma distribuição ruim, mas tudo isso mudou em Bangkok. A seleção brasileira chegou meio incrédula ao Final Six e já demonstrou ao que veio atropelando as gigantes russas e mostrando a Marichev como atualmente o time dele não está nem perto de incomodar o Brasil. Na semifinal tudo como esperado, a Holanda ainda está um nível abaixo, o desafio mesmo seria a final contra "o melhor time do mundo". Uma das melhores levantadoras do mundo, a veloz Glass incomoda qualquer um. Isso porque ela trabalha como poucas com sua dupla de centrais, a conhecida e sensacional Akinradewo e ela que cresceu muito nessa temporada, Adams. Aliás, a dupla de centrais dos EUA pontuou mais que a brasileira, tida como as melhores do mundo, foram 34 contra 30 pontos. Na ponta Hill é definidora, mostrou isso na final, é a grande atacante do momento americano. Larson é ponteira de preparação, técnica, habilidosa, mas faltou participar mais do ataque. Banwarth é limitada, a melhor passadora do time mas razoável na defesa. Decepção mesmo fica por Murphy, que jogou muito mal em todo o Final Six e marcou apenas 7 pontos na final. 

Akinradewo disputa com Dani Lins na rede


Agora, é hora do Brasil: no último jogo do Grand Prix, Dani Lins ressurgiu. A levantadora brasileira fez um torneio bem questionável, mas distribuiu com talento nesse final do torneio. Para isso trouxe de volta aquela que para mim é a mais importante atacante do Brasil, a gigante Fabiana. A central marcou 17 pontos de ataque, maior pontuação de ataques no jogo - na sua cola teve Akinradewo com 16, duelo bonito das centrais. Sheilla começou muito mal, saiu do primeiro set zerada e pontou pouco no segundo, mas assim como todo o time, cresceu na partida. Foram 14 pontos, apesar de 8 erros e a oposta brasileira precisa "cuidar-se" mais. E as ponteiras nem tiveram aquela atuação sensacional de sempre, nem pontuaram tanto, meu elogio fica ao passe do Brasil, ao ver Natália se abaixando para receber o forte saque de Adams e entregara na mão de Dani. Com velocidade e passe bom, é jogo acirrado, o Brasil perdeu o respeito por qualquer gigante desde 2008. Mas é uma baixinha que está encantando e brilhou nesse GP: Léia. De longe a líbero do Minas foi a melhor na posição na Superliga e nesse Grand Prix apresentou ao mundo seu voleibol. Ela que já foi reserva de Brait, outra ótima líbero, tanto em clube quanto na seleção hoje ao meu ver deve ser a titular do Brasil nos Jogos Olímpicos. Léia resolveu jogar demais, anulando os ataques americanos naquela diagonal longa, Larson sofreu com ela. E o ataque a queima-roupa de Murphy na paralela? A menina está encantando e foi uma das peças-chave do Brasil nessa final. Ah, digamos ainda que o Brasil tem um grande trunfo no banco: Jaqueline, especialista em passes, decisiva nos ataques e terror das americanas em 2012. Confesso que ao ver a fase inicial do Brasil no torneio eu não esperava esse título. Mas se algum de nós, mesmo depois de 2012, ainda duvida da capacidade do tri olímpico devemos repensar seriamente. Ontem, o Brasil demonstrou o mesmo poder de virada, o mesmo crescimento e o mesmo desrespeito que o fez bicampeão olímpico. QUE VENHA O RIO!

Brasil comemora ponto final de vitória sobre as americanas


Final do Grand Prix 2016
Brasil 3 x 2 Estados Unidos (18-25, 25-17, 25-23, 22-25, 15-9)
EST: http://www.fivb.org/vis_web/volley/WGP2016a/WGP2016a_p2-065.pdf

Na disputa do bronze, mais um Rússia x Holanda no ano. E olha, a Holanda quebrou o tabu e pela primeira vez com Guidetti no comando derrubou as gigantes de Marichev de virada, após as russas abrirem 2x0 e serem derrotadas por 3x2 (18-25, 23-25, 30-28, 25-21, 15-9). A Holanda sem Grothues, lesionada. A substituição de Plak por Pietersen foi a maior mudança para a vitória. Goncharova foi a maior pontuadora com 29, Sloetjes fez 24, mas as ponteiras holandesas foram bem melhores. Aliás, Ilchenko fez apenas 9 pontos - já deu para entender que sem Kosheleva, a Rússia está em apuros, certo? A dias da olimpíada, a Holanda cresce e sua rival europeia, pelo contrário. O quinto lugar acabou com a China B, em jogo acirrado contra a Tailândia nos dois primeiros sets, mas vencido por 3x0 (25-23, 25-23, 25-12).

Premiações Individuais

Bem algumas incoerências nas premiações... Tomkom é ótima levantadora, talvez a melhor desse Final Six, mas é fato que tanto Dani quanto Glass, fizeram um torneio melhor. Mas bem, é comum que seleções que sediem os torneios levem alguma premiação a suas atletas, não que Tomkom não mereça. O erro mais bizarro da FIVB fica por conta da escolha de Sheilla como segunda melhor ponteira. A oposta foi a melhor atacante do Final Six, mas bem... ela é oposta. O que valeu mesmo foram as imagens dessa final, Sloetjes e Natália batendo papo, Adams e Thaisa caindo em gargalhadas juntas, Sheilla dividindo pizza com Hill. Ah, o esporte! ♥

MVP: Natália Pereira (BRA)
Melhor Levantadora: Nootsara Tomkom (TAI)
Melhor Oposta: Lonneke Sloetjes (HOL)
Melhores Ponteiras: Kimberly Hill (EUA) e Sheilla Castro (BRA) ???
Melhores Centrais: Rachel Adams (EUA) e Thaísa Menezes (BRA)
Melhor Líbero: Lin Li (CHI)


Comentários

  1. Parabéns tofly pela descrição dessa final!!! Texto leve , bastante crítico e com informação!!!

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    1. Opa, muito obrigado! Fico muito feliz com esse retorno =D

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  2. Um dos Grand Prix mais surpreendentes !!!!!!!!!!!!!!!

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  3. Acredito que a Sheilla ganhou o "prêmio" de ponteira, porque teve ser seu último Grand Prix pela seleção!

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  4. Injustiça é não ter a Goncharova na seleção do torneio. Mesmo quando a seleção russa joga mal a Goncharova faz mais que 20 pontos.

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    1. Foi pau a pau o duelo das Opostas entre a Goncharova e a Sloetjes, a ultima ganhou por ter conseguido pódio, mais que merecido..

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    2. Na verdade foi questão estatística: a Sloetjes foi a 2ª maior pontuadora do Final Six e 3ª melhor atacante. A Goncharova foi a maior pontuadora mas 7ª melhor atacante. Isso só do Final Six e analisam esses desempenhos para premiar. Do campeonato, pra mim é indiscutível que a Goncharova foi a melhor, apesar da queda final pra Holanda - onde fez 29.

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  5. Acho que o EUA terá grandes problemas na Saída se continuar com a Murphy de titular, não credito a culpa somente nela, ela como Oposta tem recebido poucas bolas da levantadora, e quando recebe o block ja ta ali esperando, acho que teria que colocar a Lowe de Titular, e foi um baita desperdicio ter dispensado a Fawcett

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    1. A Murphy teve uma temporada ruim no Japão, mas voltou treinando muito bem e começou o GP também. Nesse Final 6 ela simplesmente pifou, recebeu poucas bolas porque não definiu as que virou. Não se o corte da Fawcett é definitivo e tem a Bartsch que joga de oposta também.

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  6. No site oficial do Grand Prix, nas estatísticas, a Sheilla não aparece com a sigla "OP" (opposite) e sim "U", creio eu que signifique universal. Nesse caso. faz sentido ela ter ganhado como melhor ponteira (outside spiker), a Hill foi a segunda. Justiça seja feita, apesar de uma primeira fase irregular, na fase final vimos todo potencial e habilidade que a Sheilla possui.

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    1. "Universal spiker" normalmente é uma alternativa a "opposite". As ponteiras normalmente são chamadas "outside hitter" ou "wing spiker". Independente disso, é um dream team gente: 2 ponteiras e 1 oposta e quando à premiação da oposta não tivemos dúvidas, foi para a Lonneke.

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  7. Com eu estava ansioso por esse texto, que demorou um pouquinho aliás! Mais como foi lindo no 2° set ver a Jaque entrando e contagiando a todos, Fabiana e Thaísa min atrás Natália bem, só acho que ela não foi a melhor do campeonato mais se veio para uma jogadora brasileira está ótimo. Amo essa seleção.

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    1. Escrever um texto simples para o site leva tempo Bruno, esse é bem complexo - requer números, estatísticas, fotos, várias informações diferentes. Mas chegou e confesso ter gostado dele - e isso é raro rs. Espero que você tenha curtido também. Sobre a Naty, ela mereceu esse MVP mais do que ninguém, foi a jogadora mais regular e quem definiu nos piores momentos da seleção brasileira.

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  8. Parabéns para as meninas do Brasil mostraram a todos que estão no páreo ! Não gostei da premiação individual muito estranho sheila de ponta ???? quer premia la da o premio de melhor oposta não por maior quantidade de pontos mas de qualidade e a tomkom ??? pode ser uma baita levantadora mas nessa competição quase não jogou ! Mas todo grand prox é isso ja me acustumei !

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    1. Definitivamente o Brasil está na briga! Mas ainda há um longo caminho. Eu também não, foi bizarro eleger Sheilla como ponteira rs. Só que são premiações que analisam estatísticas do Final 6. Nesse caso, Sloetjes foi a melhor delas (2ª maior pontuadora, 3ª melhor atacante). Tomkom também liderou as estatísticas de levantadora. A Sheilla não teve explicação =X

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  9. Esperei o dia todo por essa materia. Ficou show. Demorou, mas pela qualidade valeu a pena. Agora digo uma coisa: Que centrais espetaculares. Adams e Akinradewo x Fabiana e Thaísa. A Akinradewo ficou de fora da premiação porque jogou apenas 2 dos 4 jogos do Final Six. A Thaísa no geral foi bem em todo o final six por isso levou como 2* central. A Fabiana vinha discreta, mas o que ela jogou nessa final foi uma barbaridade. A Jaqueline é uma reserva espetacular e olha que ela fez 6 pontos em pouca participação em quadra. Além do passe, ela evoluiu muito no ataque. Bloqueia bem, saque do chão muito eficiente e defesa e passe de qualidade sao suas marcas registradas. A Léia está jogando uma barbaridade. Merece a vaga. A Dani como sempre pela seleção se superando e ontém foi magistral. O ZRG com um olho espetacular viu o desvio que ninguem viu. Esse grand prix mostrou que somos candidatos ao Ouro olímpico na Rio 2016. Agora o ZRG pode levar o fator surpresa: a oposta Ana Paula Borgo. A Tandara como está não vai ajudar em nada. Se paula nao for, tem que cortar a Tandara e levar as 2 liberos ou as 4 centrais. Mas voltando aO jogo,ele foi decidido pelo meio. Porém ficou clara uma coisa: sem o passe na mão Kimberly Hill nos EUA e Natália no Brasil serão as bolas de confiança. Como estão jogando bola essas duas ponteiras. Sheilla é técnica demais. Foi show a partir do 3* set. Precisa melhorar e diminuir os erros.
    Me parte o coração saber que depois da Rio 2016 nos dispediremos de Jaqueline, Sheilla, Fabiana e Fabíola. As que permanecerão casos de Dani , Thaísa, Natalia e as liberos terão papel primordial nessa renovação.
    E ai To Fly. Se fosse investir e montar um time investiria nessa seleção do grand prix?

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  10. Muito boa a postagem diga-se de passagem a melhor até hoje ao meu ver. Parabéns.

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  11. To fly o link das estatísticas do jogo entre Holanda x Rússia você tem aí?? Queria dá uma olhada.

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