Grand Prix 2015: hexa dos EUA, premiações individuais, surpresas e decepções

Pela 6ª vez, os Estados Unidos da América são campeões do Grand Prix. As americanas interrompem o bicampeonato brasileiro e retomam o posto de campeãs, perdido em 2013. 

CLASSIFICAÇÃO

Ao término do Final Six em casa, a classificação do GP 2015 foi a seguinte:
  1.  Estados Unidos
  2.  Rússia
  3.  Brasil
  4.  China
  5.  Itália
  6.  Japão
Como já era de se esperar após o anúncio do roster final do Final Six, os Estados Unidos foram campeões. Seria deprimente se fosse diferente, é uma das 3 melhores seleções do mundo com praticamente todas as suas estrelas. Dando-se ao luxo de estrear na competição a oposta Lowe e a levantadora Kreklow, duas das melhores jogadoras em suas posições durante todo o Grand Prix. Os EUA fizeram por onde e mereceram. 

A grande surpresa do campeonato é a Rússia: muitos davam a seleção de Marichev como morta, incapaz e altamente dependente de Goncharova. Ainda assim, foi o time que mais deu trabalho às campeãs, fazendo o melhor jogo desse Final Six.

A seleção brasileira foi mal, não pelo resultado mas pelas atuações. Nunca a seleção brasileira esteve tão mal ofensivamente e a liberação de suas estrelas, justifica esse momento ruim. Salvemos Juciely, disparada a melhor jogadora brasileira. Com esse time, o Brasil nunca foi favorito. A China foi mal e tem justificativa: além de mandar o time reservado aliado ao sub23, as lesão de Ding na estreia atrapalhou e muito a vida das chinesas. Wang, a reserva, não vinha do mínimo entrosamento com as escaladas e a China sentiu. Um preço pago pela atitude de poupar-se para a Copa. 

A Itália vem em construção e não tem elenco para montar um grande time reserva. Admiro a atitude de Bonitta em trazer Malinov para o time titular e rodar completamente a seleção, com exceção da mesma. A levantadora de 19 anos é corajosa, descola-se do padrão italiano e surpreendeu estreando como titular nesse Grand Prix. 

O Japão, é a grande decepção, mas não dá para não reconhecer as peças que lhe faltam, dentre elas, Risa Shinnabe, uma das melhores passadoras do time. Pouco utilizada Sakoda também fez falta e lesionada, Ebata. Ainda assim, o time contou com Kimura, Ishii e Nagaoka e esperava-se um jogo melhor.

Campeãs com excelência, time titular dos EUA levou o hexa em casa


PREMIAÇÕES INDIVIDUAIS

MVP: Karsta Lowe 
Melhor Oposta: Nataliya Goncharova 
Melhor Levantadora: Molly Kreklow 
Melhor Ponteira: Natália Zílio 
2ª Melhor Ponteira: Kelsey Robinson 
Melhor Central: Juciely Barreto 
2ª Melhor Central: Christa Harmotto 
Melhor Líbero: Anna Malova 

Diferente das últimas premiações, os quesitos de avaliação da FIVB são questionáveis, com todo respeito às atletas que as receberam. Dentro da política de que o prêmio de MVP deveria ser dado a uma atleta da equipe vencedora, deveria mesmo ficar entre Molly Kreklow e Karsta Lowe. As duas foram titulares em praticamente toda a competição. Mas em números e atuações, Nataliya Goncharova foi melhor: maior pontuadora do Final Six, Lowe foi a 3ª; no bloqueio Goncharova é a 2ª e Lowe a 5ª; na defesa a russa aparece na 27ª colocação e a americana na 30ª; no saque é 23 contra 28 da americana. Lowe só é superior em aproveitamentos, onde lidera e Goncharova é a segunda. O reconhecimento acontece quando Goncharova recebe o prêmio de melhor oposta. É sabido que MVP é uma premiação simbólica, mas me parece incoerente da parte da FIVB dar o prêmio de melhor oposta a uma jogadora e o MVP a uma outra oposta.

Incoerente também é a escolha de Molly Kreklow como melhor levantadora. Avalio sim a americana como a melhor levantadora do Grand Prix e concordo com a premiação. Entretanto, não existe nenhum dado estatístico no Final Six em que Kreklow supere a brasileira Dani Lins. Números frios não justificam e foram eles que deram à Natália o título de melhor ponteira. Reitero o respeito às atletas, mas nem de perto esse título caberia a Natália. Mas em estatísticas sim: 6ª melhor atacante (antecedida por Pasynkova e Shcherban), 2ª na recepção e 8ª maior pontuadora. Estados Unidos, China, Japão e Itália fizeram um alto rodízio entre suas pontas e não lideraram estatísticas. A disputa ficou entre Brasil e Rússia. Kelsey Robinson jogou 4 das 5 partidas e é tipicamente defensiva. Sim Natália foi melhor, as estatísticas apontam. Outra premiação inexplicável é a de melhor líbero para Anna Malova. A italiana Monica de Gennaro lidera as estatísticas e defesa onde Malova é vice. A russa aparece apenas em 47º lugar na recepção e a italiana em 25º. 

No demais, as indicações foram muito justas e indiscutíveis. Vale ressaltar que essa análise não visa desmerecer as premiações, mas questionar os critérios da FIVB.

Dream Team do Grand Prix


O Grand Prix foi abrilhantado por EUA, Brasil e China na fase de classificação. O calendário apertado enfraqueceu-o no Final Six, só com EUA mantendo seu grupo. As russas surpreenderam levando o time titular e conquistando a prata. No demais, a festa foi bonita e justa.

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