Adiantamento da Copa e calendário apertado desvalorizam Grand Prix 2015

A Copa do Mundo é um dos torneios mais tradicionais da FIVB, realizada no ano que antecede os Jogos Olímpicos. Desde 1995 a Copa é utilizada como classificatório para as Olimpíadas, dando vaga garantida aos 3 primeiros colocados. Essa é apenas uma das diversas alterações da FIVB, atualmente sobre a  presidência do brasileiro Ary Graça (link da matéria). No entanto, a mais significativa mudança e talvez por um erro de cálculo, a data da Copa do Mundo tirou todo o brilho do Grand Prix 2015, a liga das seleções. Tradicionalmente realizada em novembro (desde 1977!) a atual edição da competição foi adiantada praticamente 3 meses e tem menos de um mês de diferença entre o último jogo do Grand Prix e o início da Copa. Nesse especial, explicaremos porquê essa alteração sacrificou o Grand Prix e fez dele muito mais fraco do que deveria.

Corre gente!
O Final Six será apenas uma semana depois da última edição do classificatório. Por quê tão rápido? Porque 4 dessas seleções jogam a Copa do Mundo! Na 2ª divisão, a fase final será só em agosto. É cruel com as jogadoras! Vamos citar como exemplo o Grupo H, que no domingo jogou em Hong Kong. Só de voo para chegar aos EUA, Japão, China e as próprias americanas gastariam no mínimo 21h! Isso se pegassem o voo mais rápido e sem qualquer escala. Considerando que esse voo saia ainda no domingo, só chegariam nos EUA na segunda e só treinariam com eficácia na terça para jogar na quarta. Horrível, não?

Jogadoras brasileiras chegaram ontem (20) de Catania a Omaha e estreiam amanhã (22) contra a China

A desistência da Sérvia
Vocês acham mesmo que foi por acaso que a Sérvia não se classificou ao Final Six do Grand Prix? Elas só precisavam de uma vitória sobre as alemãs, fragilizadas e derrotadas pelo time B da Turquia no dia anterior. Não, Terzic é esperto! A Sérvia é uma das seleções que jogará a Copa do Mundo em agosto e esse time também jogou os Europeus de Baku. Além do desgaste em quadra, tem o "jet lag", o cansaço e novos treinos para uma das mais importantes competições do ano. Tudo isso com menos de um mês! Colocado na balança, o que vale mais disputar: o anual Grand Prix ou o primeiro classificatório olímpico? Bom, então Terzic veio de time reserva e foi eliminado do Grand Prix. 

Com time titular no banco, Sérvia de Terzic não se classificou ao Final 6 em jogo suspeito contra as alemãs



A China vai com time B
Elas não querem o Grand Prix, não tanto quanto querem a Copa. Para quê todo esse sacrifício? Lang Ping fez muito bem. Deixou toda a seleção titular e mandou o time reserva junto às jogadoras da seleção sub23 inscritas no Grand Prix. Nomes como Zhu, Hui, Yan e a levantadora Wei, voltando de lesão, seguem na China com a treinadora se preparando para o torneio no Japão em Agosto.

Grand Prix para Lang Ping? Só em 2016! A técnica chinesa permaneceu em casa com as titulares, dentre elas, a ponteira e capitã Hui que aparece na foto



O preço pago pela Rússia
Diferente da maioria das outras seleções, Marichev levará à Rússia seu time principal. A Rússia é um dos classificados da Europa para a Copa e jogou a última rodada na Itália. De Roma, as russas voaram para Catania até a Carolina do Norte de onde seguiriam para Omaha, sede do Final Four. Mas perderam o voo na segunda, com horário local de 17h e só embarcaram hoje às 9h. A estreia russa acontece amanhã e assim, sacrificaram o treino coletivo pelo descanso da viagem.

Jogadoras russas ficaram presas no aeroporto de Charlotte, ontem (20) na Carolina do Norte (EUA)



O privilégio dos Estados Unidos e do Japão
Além de ter jogado praticamente com um time B a fase de classificação, a grande vantagem dos EUA é que elas estão em casa! Não precisam se preocupar com adaptações e com o mais importante, a longa viagem de volta. O Final Six, em casa, serve no mínimo como uma série de amistosos com as 14 jogadoras do bom time americano. Viagem agora, só em agosto para o Japão - que por sua vez, é beneficiado pelo mesmo motivo, sediando a Copa do Mundo.

Sediando o Final 6, Estados Unidos sofrem menos com longas viagens e cansaço de voo

Comentários

  1. Ainda não me conformei pelo Brasil não disputar a copa, seria um ótimo teste pra seleção e consequentemente elevaria o nível da disputa, todos sairiam ganhando, inclusive a FIVB.

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