A azarona Turquia que atropelou uma China pífia no ataque

Se, assim como eu, você não assistiu ao jogo de China e Turquia ao vivo, deve ter acordado com um grande susto, não é? Não é para menor, todo mundo esperava uma China absurdamente perigosa, favorita a líder do grupo da morte e ao ouro. Já a Turquia a grande maioria via como quarta ou quinta força: sim, senhores, estamos diante de uma grande zebra!

Mas nem tanto, eu diria. Eu vi muita gente subestimando a Turquia, enquanto eu acredito que ela possa terminar como 3ª colocada desse grupo, considerando a falta de ritmo italiana e a fragilidade russa. Obviamente eu nunca contei com uma vitória esmagadora sobre a China.

Foi o que aconteceu: a seleção de Giovanni Guidetti bateu a de Lang Ping por 3 sets a 0 (25-21, 25-14 e 25-14). Se a China deixa de ser favorita por isso? Não, acredito que não. Mas mostra como esse grupo está longe de ser imbatível, o que ficou bem claro desde aquele jogo sofrido contra as reservas da República Dominicana na VNL.

Meliha Ismailoglu vibra em vitória acachapante sobre a China (Foto: FIVB)

A China hoje caiu inacreditavelmente por falhar em seu melhor fundamento: o ataque. Essa foi a minha sensação revendo a partida, mas quando olhei as estatísticas, os números assustaram ainda mais: a China fez apenas 28 pontos de ataque no jogo enquanto a Turquia fez 46.

E o grande trunfo de Guidetti foi anular a maior estrela adversária: Ting Zhu teve uma das piores apresentações que já vi na sua carreira, talvez seja a pior mesmo! Foram 15 bolas recebidas e apenas 3 delas convertidas em ponto. Um total de 6 erros - Zhu pontuou mais para a Turquia do que para a China. O fato de ter treinado a chinesa com certeza ajudou a Guidetti neste feito.

Sistema defensivo da Turquia anulou Ting Zhu (Foto: FIVB)

Se por lá a melhor atacante não resolveu, Karakurt deu as cartas, muito eficiente no primeiro set. A oposta foi a estrela da parcial. Com Zhu mal e incomodada, a China entrou tentando resolver tudo no segundo set e se perdeu.

O jogo pelo meio chinês foi nulo, enquanto Ozbay, surpreendentemente titular, abusou de Gunes e Erdem. As substituições de Ping não funcionavam, Li entrou mal, Yao não resolveu. A China se perdeu, parecia um time juvenil. Cito Zhang como exceção, a única jogadora chinesa que fez uma grande partida hoje.

A China foi massacrada por uma Turquia totalmente eficiente. O time asiático teve a pior estreia de Tóquio ao lado do Quênia: as duas seleções só marcaram 49 pontos. Aliás, o Quênia pontuou mais no ataque em sua partida  contra o Japão do que a China contra a Turquia, 33 das africanas contra 28 das asiáticas. Quem esperava por isso?

A China tornou-se uma seleção terrível? Não. A Turquia passa a ser favorita? Não. Precisamos nos lembrar de que Brasil em 2012 e a própria China em 2016 vieram de campanhas terríveis na fase de grupos para alcançar o ouro no final. Calma, é só o início.

Mas também vimos claramente hoje que a China está muito longe de ser a seleção imbatível que muita gente prega, por vezes até mesmo nas nossas cabeças. Tudo pode acontecer nessa Olimpíada que começa assim, surpreendente e possível para várias seleções!

(Confira as estatísticas no placar do texto)

Vitória inconstestável tornou a Turquia líder do Grupo B (Foto: FIVB)