Dajana e Tijana Boskovic: duas irmãs, duas seleções diferentes

Por Gustavo Aguiar

Os corações do casal Ljupko e Vesna Boskovic fica dividido quando o assunto é voleibol. Moradores de Bileca, uma pequena cidade ao sul da Bósnia e Herzegovina, tiveram que se acostumar com os holofotes. O motivo? As duas filhas, Dajana e Tijana Boskovic, ambas jogadoras profissionais de voleibol.

Foto de Dajana e Tijana Boskovic impressa e guardada pela irmã mais velha (Foto: reprodução/Instagram)


A primeira a ingressar no mundo do voleibol foi Dajana, nascida em 1994. "Eu comecei a jogar vôlei quando tinha 12 anos. Meu pai jogava futebol e eu sempre fui muito ligada aos esportes", conta a filha mais velha dos Boskovic.

Tijana seguiu os passos de Dajana. "Minha irmã, estava treinando e eu comecei a ir com ela. Gostei e comecei a praticar também. Os especialistas reconheceram imediatamente que Dajana era muito talentosa e ela foi convocada para a seleção juvenil da Bósnia e Herzegovina", conta a irmã nascida em 1997.

As duas irmãs passaram alguns anos treinando juntas no ŽOK Hercegovac, único time de vôlei da cidade. Tijana conta que em 2011, ela e Dajana receberam uma proposta para treinar em um grande time: o turco Galatasaray. Entretanto, as irmãs bósnias recusaram. A distância e o desejo de jogarem na Sérvia foi o principal motivo, apoiadas pelo pai.

Não tardou para que recebessem um convite do país vizinho: o Vizura Beograd, naquele mesmo ano, resolveu apostar e contratou as duas jogadoras. Dajana tinha 17 anos e Tijana tinha 14 quando as irmãs Boskovic deixaram a Bósnia para morarem sozinhas na Sérvia, onde treinariam pelo Vizura. Mas já no seu primeiro ano, Dajana foi emprestada ao Dínamo Pancevo, também da Sérvia, e Tijana manteve-se sozinha em Belgrado.

Primeiro clube profissional das irmãs foi o sérvio Partizan Vizura (Foto: reprodução/Instagram) 


"Em Belgrado eu tinha meus tios, que ajudaram a me ajustar rapidamente. Tive a sorte de conseguir bons amigos e boas colegas de equipe do Vizura, que não eram de Belgrado e moravam em alojamentos, ajudávamos umas às outras", conta Tijana.

Logo, as duas irmãs se destacaram e Dajana foi convocada para a seleção principal da Bósnia e Herzegovina. Naquele mesmo ano, defendeu o país em competições como o qualificatório olímpico para os jogos de Londres. Em 2013, Dajana recebeu convite da Universidade do Texas de Santo Antônio para atuar na NCAA, a liga universitária norte-americana, onde cursou a faculdade de direito.

Dajana e Tijana (Foto: reprodução/Instagram)


Tijana seguiu por um caminho bem diferente. Enquanto a irmã mais velha investia no voleibol universitário, Tijana seguiu no Vizura e chamou a atenção da OSSRB, a Federação Sérvia. Em meados de 2012 e 2013, a menina recebeu convite da Federação para naturalizar-se sérvia e integrar a seleção sub-18 do país no Campeonato Europeu.

A partir de 2013, Tijana explodiu, tanto na liga sérvia quanto nas seleções de base. Foi convocada para a seleção principal e em 2014 já jogava o Mundial. Em 2016, a caçula das irmãs já conquistava o vice-campeonato olímpico como oposta titular da Sérvia. Dajana concluiu sua graduação em 2017, quando só então voltou a atuar pelo voleibol profissional e foi contratada pelo polonês PTPS Pila.

Tijana Boskovic defende a seleção sérvia desde 2013 e foi vice-campeã olímpica (Foto: reprodução/Facebook)


Em 2018, Dajana e Tijana finalmente poderão se reencontrar. As irmãs jogarão no mesmo país, a Turquia. Tijana jogará sua quarta temporada consecutiva pelo gigante Eczacibasi Vitra, enquanto Dajana atuará por um time mais modesto, o Sariyer, da segunda divisão do turco. Os dois times têm sede em Istambul.

Outro fato inédito pode acontecer em 2019: as irmãs se enfrentarem por suas seleções. Tijana é a maior estrela da Sérvia, enquanto Dajana voltou a defender a Bósnia. A Bósnia luta por uma vaga no Campeonato Europeu de 2019, enquanto a Sérvia já está classificada devido ao seu bom resultado em 2017. Assim, pela primeira vez, os corações de Ljupko e Vesna podem estar divididos por uma rede.

Dajana Boskovic é oposta titular e defende a seleção da Bósnia e Herzegovina (Foto: reprodução/Instagram)

Família Boskovic: Vuk (o caçula, jogador de basquete), Tijana, o pai Ljupko, Dajana e a mãe Vesna (Foto: reprodução/Instagram)


Com informações de Novosti.sr e The Paisano

Comentários

  1. Excelente matéria como sempre, Gustavo.

    Essa questão da Iugoslávia x vôlei sempre me deixa confuso. Miha e Blagojevic tbm nasceram na Bósnia e Herzegovina. Já a Popovic nasceu em Montenegro. Mas uma seleção não pode ter apenas uma única atleta naturalizada?

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    1. Também não entendo muito bem isso. Apesar que o blog já fez um post sobre isso, mas continuo confuso. Mesma coisa é o caso do Cazaquistão, tem Mamadova que é ucraniana e Rahimova que é usbeque. EUA tinha Hooker alemã e Akinrandewo com três nacionalidades.

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    2. O post é esse aqui: http://www.toflyvolleyball.com/2015/12/naturalizacao-regras-excecoes.html

      "Mesma coisa é o caso do Cazaquistão, tem Mamadova que é ucraniana e Rahimova que é usbeque." Acho que você quis dizer Azerbaijão.

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    3. Eu não entendo pq a Akin carrega a cidadania paterna da Nigéria e materna do US. Ela nasceu no Canadá, logo não deveria ser apenas canadense?

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    4. Dois comentários daquele post sobre naturalização no vôlei:

      "Mesmo caso é o da Tijana Boskovic ela nasceu na Bósnia e hoje atua pela seleção da Sérvia"

      "Nasceu na Bósnia e solicitou nacionalidade sérvia assim como a Mihajlovic. A diferença é que Mihajlovic foi federada e defendeu a Bósnia, Boskovic não. Boskovic foi federada em 2001 pelo Partizan Vizura, após receber a naturalização."

      Eu não entendi a diferença já que ambas são naturalizadas e só pode uma nessa condição por equipe nacional.

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    5. Exatamente, Flávio. A mesma dúvida entre Bosko e Miha se aplica a Rahimova e Mammadova.

      Hooker nasceu em Frankfurt. Por que recebeu cidadania do US? Aliás, se ela fosse esperta iria atrás do Felix Koslowski para voltar a competir por uma equipe nacional. Hooker não volta pra seleção do US enquanto Kiraly for técnico.

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    6. A regra não fala necessariamente sobre naturalizadas, mas sobre federadas. Cada seleção pode ter apenas UMA atleta que já atuou pela seleção adulta de outra nação. Esses são os casos de Mihajlovic e Goncharova, por exemplo. Entretanto, Boskovic e Hooker, por exemplo, nasceram em outro país, mas nunca defenderam essas seleções. Entenderam?

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    7. Então, uma das quatro cubanas naturalizadas azeris poderiam jogar pela seleção ao lado de Mamadova ou Rahimova? Ou se Goncharova não jogasse mais pela seleção, Calderon poderia substituí-la?

      PS: Obrigado pela correção Anónimo. Era Azerbaijão e não Cazaquistão que eu quis dizer ;D

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