Falar de naturalização é sempre um assunto polêmico. É assim desde Taismarys Aguero deixou a ilha de Cuba para tornar-se italiana e defender a seleção de seu novo país. Aguero chegou inclusive a enfrentar sua ex-seleção em quadra. Até aí, tudo normal.
Mas em 2012 uma seleção acendeu o alerta sobre a necessidade de se alterar o regulamento para naturalizações: a Sérvia. Naquele mesmo ano, Brankica Mihajlovic disputou o qualificatório olímpico pela Bósnia e Herzegovina e mais tarde foi aos Jogos Olímpicos defendendo a Sérvia. Tudo dentro da lei, tudo autorizado pela FIVB, mas estranho.
Ainda em 2012 passou a vigorar a regra atual sobre as naturalizações que obriga os jogadores a cumprirem um período de dois anos de carência para atuar por uma nova seleção, após a aprovação da FIVB. Foi isso que gerou aquela polêmica enorme e tardia com Meliha Ismailoglu em 2019 (clique aqui para relembrar).
O processo de naturalização e troca de federação é um direito civil e esportivo: mas qual é o limite disso? Quando as naturalizações se tornam um "mercado do vôlei"?
Melissa Vargas protagoniza o mais recente caso de naturalização no voleibol, trocando Cuba pela Sérvia (Foto: Fenerbahçe/reprodução) |
Precedente perigoso
Melissa Vargas e sua cidadania sérvia reesquentaram o debate nesta semana. E é oficial, o técnico sérvio Zoran Terzic já confirmou ao portal World Of Volley que a Federação Sérvia (OSSRB) solicitou à FIVB a federalização de Vargas como jogadora naturalizada.
Nesse sentido, Vargas já é considerada cidadã sérvia, ainda que mantenha a cidadania cubana (Cuba permite dupla cidadania, a Sérvia também). Agora, basta que a FIVB autorize seu pedido para que se iniciem os dois anos de carência e ela posso atuar pela seleção europeia.
Melissa nunca atuou por um time sérvio e até onde sabemos, nunca viveu no país - embora precise comprovar residência de no mínimo dois anos por lá, sendo que em 2018, Vargas ainda estava em Cuba. Terzic confessou o convite à jogadora, o técnico ofereceu a naturalização.
Outro ponto que vale nossa atenção é que a reputação precede a Sérvia: Tijana Boskovic veio da base da Bósnia e Herzegovina, mudou-se para a Sérvia, jogou lá por anos. Justo, mas Mihajlovic nunca atuou por um time sérvio e só teve a naturalização oferecida quando já havia brilhado pelo Volero Zurich. Esse tipo de processo se repete com Vargas, não é um "é seu direito morar aqui e ser cidadã sérvia", mas sim de "você é ótima jogadora e eu vou te trazer para a minha seleção".
Vargas está saindo de um país que complica sua vida no esporte? Sim, concordo plenamente. Não há nenhum erro sobre o que a cubana está querendo, Tai Aguero e Rosir Calderón, por exemplo, desertaram do regime cubano para buscar uma nova vida na Europa. Mas primeiro pediram "abrigo" a um país, já que naquela época Cuba era bem mais rigorosa e Aguero chegou até a ter a família ameaçada.
Tudo dentro da lei, mas precedente perigoso, insisto. Afinal, você pode ver uma menina como Ana Cristina brilhando na base e convidá-la para sua seleção (foi exatamente o que aconteceu com Boskovic!).
E fica o alerta para a regra 2.2.1 do manual de Regulações Esportivas da FIVB que diz: "apenas uma jogadora, que jogou por outra seleção da mesma categoria de idade, pode ser parte de um mesmo time". Isso quer dizer que, por exemplo, a França poderia convidar Ana Cristina (base do Brasil) e Isabelle Haak (adulto da Suécia) sem o menor constrangimento.
Todas as solicitações de naturalização, que a FIVB chama corretamente de troca de federação ou nova federalização (já que existe a dupla cidadania), devem ser aprovadas pelo comitê da FIVB e pelo presidente Ary Graça.
A naturalização de uma jogadora ou jogador que já atuou em outra seleção adulta concede à FIVB o valor de 25 mil francos suíços, ou seja, cerca de R$ 149.648,00.
Mihajlovic e Boskovic nasceram na Bósnia e Herzegovina; ponteira se naturalizou em 2012, enquanto Boskovic chegou à equipe nacional em 2014 (Foto: CEV) |
Brasil tem Leal, Polonia Leon e Italia Juantorena... isso ja é uma moda, queridos. Tudo dentro da lei...
ResponderExcluirTudo dentro da lei e não é isso que o post quer contestar. Leal e Juantorena jogaram vários anos pelos países que hoje defendem e Leon é casado com uma polonesa. Vargas não tem qualquer identificação com a Sérvia, nunca morou lá e nem sabe o idioma. Se essa moda pega, as federações vão colocar olheiros pra encontrar super atletas espalhados pelo mundo e naturalizá-los.
ExcluirSe isso esta acontecendo besta for a Haak, de não pedir naturalização em alguma seleção top acho que ela esta entre Turquia e Brasil (muito amiga da Gabi e Adenizia) .E se quiser vir eu não tenho nada contra.
ExcluirBrasil poderia contratar Hooker, Leyva e afins para serem da seleção
ResponderExcluirLeyva???? Hahahahahahahahahahaah o auge
ExcluirA República Dominicana poderia naturalizar uma levantadora, rsrs
ResponderExcluirNa minha opinião, seria mais justo a naturalização de somente um jogador, independente se é categoria de base ou adulto. Parabéns Gustavo pelo excelente texto.
ResponderExcluirO mau-caratismo parece ser a principal "qualidade" do zumbi cigarrento e da tal FIVB, é frustrante gostar tanto de um esporte onde impera esse tipo de comportamento. Pra corrupta FIVB, tudo é possível, basta pagar bem e ela faz vistas grossas. Espero que pelo menos, o ouro olímpico nunca chegue nas mãos desse crápula, mesmo com dó digo: antes as debochadas chicleteiras que a Sérvia.
ResponderExcluirA questão é não lei pq não configura lei pq a fivb e um órgão esportivo e não Federal para implantar leis e sim regras para o esporte que ela rege ,o ponto que a matéria está informando é o tipo de prática e manobras para as naturalizados jogarem para outros países,a meu ver no mínimo os naturalizados devem ter vínculos com os respectivos países e no caso da Vargas e zero,não fala o idioma,nunca morou ou tem moradia la,nunca jogou liga local,e pelo visto nunca visitou a Sérvia nem como turista.
ResponderExcluirLeon é outro que n tem nada haver com a POL. Leon é filhos de pessoas negras!! Sempre, os seus são vistos em jogos importantes dos filhos. E acho que ele n fala polonês - uma língua complicadíssima!!!
ExcluirDá para formar um timaço de jogadoras naturalizadas, que suas seleções não tem representativa mundial atualmente, vejamos:
ResponderExcluirOposta: Haak (Suécia)
Pontas: Vargas (Cuba) e Brício (México)
Levantadora: Eva Mori (Eslovênia)
Libero: Maria Bertelli (Grã-Bretanha)
Meio: Christina Bauer (França)
Universal: Vasileva (Bulgária)
Gostei desse timaço sugerido pelo anônimo!
ResponderExcluirOportunidade
ResponderExcluirCom Varguinhas, agora meu coração ❤ se tornará sérvio
ResponderExcluirA Melissa é uma grande promessa do vôlei. Mas essa garota deveria ter consciência e voltar a defender CUBA. Foram cubanos que apostaram nela, que a descobriram! mas como ela parece ser temperamental e já mentalizou o capitalismo exacerbado, dificilmente voltará a defender a seleção cubana. Gente e a Liga Nacional de Cuba, vai voltar em 2020? alguma revelação por lá? No masculino, finalmente! eles acordaram!!!
ExcluirEu vou me naturalizar Polonesa, e quero jogar contra essa desertora da Vargas e gritar muito na cara dela!!! Acredito que no máximo uma menina naturalizada por seleção já está ótimo!!! Daqui a pouco vão alterar regras e poderão ter até 3 meninas naturalizada. Vai ser um tal de quem paga mais eu me naturalizo!!! Patético!!!
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