Confirmado, Stefano Lavarini se despede do Minas; Confira entrevista

O técnico Stefano Lavarini dá adeus para o Itambé/Minas após duas temporadas acumulando vários títulos. O italiano já está na Itália e, nos próximos dias, assume o comando da seleção da Coreia do Sul, que já iniciou os treinamentos para buscar uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.


Lavarini vai assumir a seleção sul-coreana (Foto: Orlando Bento/MTC)


Lavarini assumiu a equipe mineira em julho de 2017, após a saída do técnico Paulo Coco. Com o Minas foi campeão do torneio Final Four, no Peru, campeão mineiro e sul-americano, terceiro colocado na Superliga e quarto colocado da Copa Brasil, todos disputados na temporada 2017/18. Na temporada seguinte conquistou o bicampeonato mineiro, o inédito título da Copa Brasil, bicampeão sul-americano e campeão da Superliga - em que foi eleito o melhor técnico da competição. Além disso levou a equipe ao segundo lugar do Campeonato Mundial de Clubes, disputado em dezembro, na China.
Em entrevista para a equipe mineira, Lavarini se emocionou a falar da sua trajetória no vôlei brasileira, da comissão técnica e funcionários do Minas, de sua vivência e dos desafios de quando decidiu assumir a equipe e pela decisão de deixar o clube.

Confira na íntegra:


Foto: Orlando Bento/MTC

Por Redação/Minas Tênis Clube

Como você define esses quase dois anos à frente da equipe?
Foram temporadas fantásticas e não tem como contar de uma forma diferente, porque foi tudo muito além do esperado. Eu acredito que o sucesso se deve a vários fatores, que se juntaram e deram certo. Acho que até a sorte, às vezes, pode ajudar, mas a sorte também é algo que a gente conquista. O trabalho de todo mundo foi muito importante: o clube, a montagem do time, o comprometimento e a qualidade das meninas, o Departamento Médico e a nossa comissão técnica, que jamais me esquecerei [se emocionou].

Continuando [...] o valor do trabalho de muitos profissionais e até o carinho e a emoção de todo Minas: funcionários do Clube e atletas de outras modalidades. Talvez, isso aqui é coisa normal, porque todos estão acostumados a essa forma do Clube, com várias equipes, vários atletas e vários profissionais. Para mim, que sou acostumado com um clube de vôlei, que é simplesmente um clube de vôlei, foi algo muito surpreendente. Enfim, essa ideia de todo mundo fazer parte do clube, ser participativo no nosso trabalho, nos nossos resultados e nas nossas emoções, diz muito bem o que foi a contribuição de todos os minastenistas. Tudo aqui valeu a pena. Foi fantástico!

Como foi trabalhar no Minas e saber que, de certa forma, entrou para a história do Clube?
Quando eu cheguei, a tradição do Minas me dava a entender que a gente podia sofrer muita pressão. De verdade, as coisas começaram a dar certo desde o começo, porque na temporada passada, mesmo não sendo o título mais importante de todos, recém-chegado, conquistamos um título mineiro, que o Minas esperava há algum tempo.

Então, começar essa nova experiência, para o Minas e para os torcedores, com o pé direito me ajudou a diminuir essa pressão que eu sentia, por conta dos resultados que tivemos em quadra. Aqui, consegui trabalhar sempre de uma forma fácil, mesmo com as diferenças entre a minha cultura e a minha forma de trabalhar. Então, foi uma experiência muito bacana e de muito sucesso. Até posso falar, agora, que foi mais fácil que eu imaginava, mesmo passando por dificuldades, adaptações, até momentos difíceis como todo mundo passa. A maioria da nossa jornada foi linda, de sucesso e de muito entrosamento entre todas as componentes do time.

Qual a lembrança que você leva do Minas e de Belo Horizonte?
Ah..., como é difícil despedir! [se emocionou mais uma vez]. Essa foi uma das temporadas mais marcantes da minha carreira, uma das jornadas mais importantes da minha vida. Eu saí da Itália e vim para cá esperando ter uma boa experiência e virou uma experiência de sucesso, muito acima do que eu podia esperar e imaginar. Então, como não lembrar? Os títulos são inesquecíveis, mas, para mim, vivenciar uma experiência tão diferente, longe de casa, em uma cultura diferente, é o que vou guardar muito mais. São as pessoas, as emoções que vão ficar no meu coração, na minha cabeça, nas minhas lembranças, os relacionamentos que eu tive, fáceis e difíceis. Acredito que tudo isso não é só uma questão profissional. Acho que as minhas lembranças vão mexer com os resultados, mas, muito mais com o ser humano.

Imagine que você está na Arena Minas Tênis Clube, em um dia de jogo, com a arquibancada lotada, como você viu em vários momentos... O que diria aos torcedores presentes?


Eu falaria que...Na verdade, eu agradeceria. No começo, quando eu cheguei, percebi muito apego pelo Clube, pelo time, muita vontade pelo resultado, quase que uma necessidade de ganhar. Aos poucos, eu comecei a perceber aquela confiança, aquele carinho que foi mostrado, para mim, nesses últimos meses. Era como se fosse ‘a torcida avaliando um técnico estrangeiro’. Mas foi a mesma coisa para mim, com todo mundo. Porque antes de conhecer as pessoas você vai devagarzinho até confiar nelas. Mas esse relacionamento e esse carinho que eu senti, ‘cara’ [mais uma vez, se emocionou]. Nessa última temporada, cresceu cada dia mais.

Especialmente, mais no fim da temporada, eu senti uma relação muito forte, um carinho ainda maior e um respeito muito grande. Eu senti até uma gratidão, que é a mesma gratidão que eu tenho pela ajuda que todos me deram, pela presença, pelo torcer pelo nosso bem, pelo desejo do nosso bem, pela confiança.

Deixe os seus comentários finais, as suas considerações...
Quando eu resolvi deixar a Itália para vim para Belo Horizonte, eu não vim por dinheiro. Eu não vim porque queria, apenas, conhecer outra cultura. Eu queria aprender em uma escola importante do voleibol mundial, que é o Brasil, e queria ganhar experiência para a minha carreira. Eu acredito que consegui fazer isso. Agora, me joguei dentro de outro desafio, porque eu tenho o sonho de ter uma possibilidade de ir para a Olimpíada. Esse desejo é tão grande que vou enfrentar todas as dificuldades, porque quero participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

A possibilidade de disputar uma olimpíada é um desejo vivo dentro de mim e o que me deu força para enfrentar esse novo desafio foi o que passei aqui. Foi a primeira vez que saí, que fui para tão longe de casa, que encontrei uma cultura tão diferente da minha, e os resultados desse encontro foram tão bons que me deram confiança. Porque se falamos que a nossa cultura, a cultura italiana e a brasileira são diferentes, imagina o quanto pode ser diferente a cultura coreana. Será um desafio maior ainda, nesse sentido.

Existia a ideia de voltar para o Minas, depois, mas também a preocupação que esse desafio (da Coreia) poderia ser muito mais desgastante na minha cabeça. Isso me fez pensar um pouco mais e dar um passo um pouco mais cuidadoso. Ficar na Coreia, mesmo que seja por um período curto, depois voltar para o Minas sem ter a possiblidade de ficar um pouco na Itália, com a família, com a minha cultura e arriscar voltar para cá depois de mais de um ano e meio fora de casa, me fez pensar que eu poderia não aguentar fazer o meu trabalho do melhor jeito, tanto para mim quando para o Clube.

Então, como eu quero fazer as coisas sempre ao máximo, eu tentei trabalhar ao máximo nessas duas temporadas aqui e decidi ir. Não pensei, em momento algum em sair por dinheiro. Todas as decisões foram baseadas em realizar um bom trabalho, em passar um momento com a família, em descansar um pouco. Por isso, me despeço do Minas e agradeço a todos pelos bons momentos vividos aqui. Tudo aqui valeu muito a pena!

Comentários

  1. Que homem. Stefano é um lindão.

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  2. Esse merece colher os frutos do seu trabalho. Muito competente e realista.

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  3. Um técnico fantástico e um cara maravilhoso.

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  4. Torcendo para a Coreia do Sul ganhar da Rússia no Pré-Olímpico em agosto. Isso complicaria muito a vida das russas no qualificatório europeu em janeiro e, com a sul-coreanas já classificadas para Tóquio, abria uma vaga no qualificatório asiático para as tailandesas que merecem muito disputar uma Olimpíada - já que foram ROUBADAS em 2016 naquele jogo contra o Japão.

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