Até 2015, mal se falava de Camarões dentre os favoritos do continente africano, que dirá o melhor time de lá. O melhor resultado delas eram duas medalhas de prata e, mesmo assim, em edições por pontos corridos, ou seja, sem final. No mata-mata elas nunca haviam passado do terceiro lugar, nunca haviam vencido uma semifinal portanto.
Até então, quem comandava no continente eram as quenianas, conhecidas como as "Artilheiras da Rainha". Eneacampeãs continentais, tetracampeãs do All-Africa Games (uma espécie de "Pan-Africano") e donas de duas representações em olimpíadas. Aliás, um adendo importante: a primeira vez que um time africano disputou uma olimpíada no voleibol feminino foi nos anos 2000, justamente com o Quênia.
O Quênia esteve em Sydney e Atenas, mas em Pequim e Londres tropeçou no crescimento da Argélia. Recuperou a hegemonia no continente, foi tricampeão consecutivo (11, 13 e 15) e conseguiu estancar as argelinas, já experientes, que não conseguiram renovar seu elenco com sucesso.
Eneacampeão africano, Quênia era hegemônico no continente e nunca esteve tão ameaçado quanto agora (Foto: FIVB) |
Tudo estaria perfeito para o Quênia se a partir de 2016 não surgisse um novo 'inimigo' local: as Leoas de Camarões. Lá em 2016, quando todo mundo apostava no Quênia de volta aos Jogos Olímpicos, a confiança excedente pesou e elas caíram para o Egito na semifinal. Bom para Camarões, que em casa passou pelas egípcias e estreou nos Jogos Olímpicos. Aí foi a sensação, ninguém esperava Camarões lá!
A partir daí elas tomaram gosto pela vitória. Em 2017, outro feito inédito: finalmente campeãs africanas, em cima de quem? Do Quênia, com autoridade, por 3 sets a 0. Com certeza criou-se uma mágoa entre os times de Nana Tchoudjang e Mercy Moim.
2019, hora do reencontro no continental e um sorteio bizarro colocou Quênia, Camarões e Argélia no mesmo grupo. Coincidência ou não, a sede do torneio, o Egito, ficou sem nenhum grande rival por lá. E o confronto entre quenianas e camaronesas foi quente, 3 sets a 2 na fase de grupos, com a sonhada vingança do Quênia sobre Camarões.
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Rivalidade entre Quênia (de preto) e Camarões se acirrou no último Africano; times jogam os All Africa Games atualmente (Foto: CAVB) |
Mas a felicidade queniana duraria pouco, porque elas se classificariam em primeiro e eliminariam Senegal nas semifinais. Mas Camarões nem tomou conhecimento do Egito e reeditou a final de 2017. E o resultado também: a leoas bateram as rainhas por 3 sets a 2 e ampliaram a quebra da hegemonia continental das rivais.
Em 14 de julho, Camarões tornou-se bicampeã africana de forma consecutiva, acirrando a rivalidade entre os dois maiores times da África. A promessa do classificatório olímpico em janeiro é de muita rivalidade entre os gigantes do continente, cada vez maiores não só pela qualidade do voleibol que mostram em quadra, mas pela superação que enfrentam a cada vez que pisam em um ginásio. Façam suas apostas!
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Camaronesas recebem troféu de campeãs continentais em 2019 (Foto: CAVB) |
Queria muito ver uma equipe africana brilhando no cenário internacional. Quênia já teve seu lugar ao sol e agora porque não as camaronesas? Sylla, Akin, Egonu, Ogbogu, a prima da Egonu entre várias outras promessas ou estrelas, a África vem presenteando o mundo com uma constelação de atletas (uma coisa interessante, a maioria das citadas são ou descendem de nigerianos, imagem que equipe interessante teríamos neste país e em outros se as mazelas e as dores que sangram esse continente não causassem tantos percalços? Ataque com certeza seria devastador! rs Enfim, amo ver as africanas emprestando um pouco da alegria e da superação e engradecendo competições. Lhe parabenizo muito por este post e pelo reconhecimento! A gente fica tão vidrado em comentar sobre as grandes competições e as ditas potências e muitas vezes nos esquecemos de acompanhar um vôlei que exala amor e superação.
ResponderExcluirA central Fotso (n°1 da foto) tem um bloqueio pesadíssimo, amei a atuação dela na Rio 2016.
ResponderExcluirHoje vendo alguns lances de Brasil e Equador, pude notar que as equatorianas tem características semelhantes às das quenianas: além de também serem negras, saltam muito!
ResponderExcluirAdorei o comentário do amigo que cita os presentes africanos mundo afora! A Fotso, em Rio 2016, deitou e rolou no bloqueio contra a Rússia... parou Goncha e Koshe mais de uma vez!
ResponderExcluirGustavo Aguiar, você chegou a publicar uma matéria sobre o campeonato francês e comentou que uma jogadora da seleção dos Camarões (acho que a oposta) jogou na França, não? Ou eu estou ficando doida?
ResponderExcluirTe várias Camaronesas nos times Franceses, tanto da primeira quanto da segunda divisão.
Excluirhttps://women.volleybox.net/women-french-ligue-a-2019-20-o8809
https://women.volleybox.net/women-french-ligue-b-2019-20-o9514
Muito bom ver o voleibol africano lembrado aqui. Mais uma vez você presta um serviço sem igual a nós amantes do vôlei. Parabéns e obrigado.
ResponderExcluirParabéns Gustavo por compartilhar notícias sobre os times africanos.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO Quênia acaba de ser campeão no volei feminino do African Games em cima dos Camarões: 3-1 (12-25, 25-15, 26-24, 25-21)
ExcluirQue matéria incrível. Parabéns ao blog
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