José Roberto: a gravidez de Fabíola, Sheilla na reserva, a "espiã" e Mari

O programa Bem Amigos do canal de tv a cabo Sportv, contou com a presença do técnico bicampeão olímpico do vôlei feminino, o brasileiro José Roberto Guimarães. O programa teve mais de 2h de duração e dentre os diversos convidados, transcrevemos as principais questões respondidas pelo técnico. Confiram:

Bem amigos transmitiu papo franco de ZRG com a imprensa brasileira

Apenas aquela incrível geração cubana teve um tricampeonato olímpico seguido.  O Brasil vai buscar o tri?

Tomara que sim, como diz o turco "Insha'Allah!". A expectativa é grande, a gente sabe que a responsabilidade é maior ainda e é uma preocupação, faltam 200 dias. A preocupação maior é porque não estamos treinando ainda. Recentemente estive na Turquia, tive a possibilidade de assistir o Qualifier Europeu e estive com a Sheilla por 4 dias, era uma preocupação grande que eu tinha. Enfim, 200 dias são muito pouco tempo e vamos tentar, acho que a gente tem time  para brigar com qualquer seleção do mundo, porém a química de uma olimpíada é diferente.

A Fabíola seria a 2ª levantadora, reserva da Dani Lins. Ela engravidou e terá o filho em maio e teria só 3 meses para estar pronta para a Olimpíada. Você tem esperança de poder contar com ela?

Tenho. Eu tenho conversado muito com ginecologistas, estudado bastante; ela vai ter a nenê em maio, não esta descartada a possibilidade dela ir a olimpíada. Para começar a treinar normalmente são 45 dias se o nascimento for por parto normal. Se for cesária ou tiver alguma complicação  no parto é problema. A Fabíola tem um físico privilegiado, ela é magra, ela é rápida, a recuperação dela e por ser levantadora poderia ser muito mais adequada do que uma atacante que precisa de força. Tem um outro lado, a amamentação: existe um hormônio chamado prolactina que enquanto ela estiver amamentando é produzido pelo organismo, ela não ganha massa muscular e tem uma frouxidão ligamentar grande. Então é preocupante. Não está descartada a possibilidade dela ir, nós vamos tentar e esse é um risco que vamos correr até o final. A lista tem que ser entregue às portas dos jogos olímpicos, dia 3 de agosto.

Zé Roberto prometeu esperar pela levantadora Fabíola até o final

O Brasil tem um dilema no vôlei feminino, por exemplo a Fernanda Venturinni, a carreira dela foi esticada um pouco, jogou até depois dos 40 porque não tinha substituta à altura, a Fofão passou por um processo parecido. Essa questão de segurar, esperar a Fabíola até o ultimo momento, passa um por isso ou essa questão da formação de levantadoras já foi resolvida?

A gente tem uma formação de levantadoras, mas essas jogadoras ainda estão jovens. A Fabíola já está madura, jogou em times bons brasileiros, bons internacionais, vice-campeã mundial e tem uma experiência enorme. E outra, as jogadoras gostam de jogar com ela, é uma jogadora que vale à pena por tudo que ela construiu. Foi cortada em 2012 mas tem uma nova oportunidade e teve essa situação da gravidez que não era esperada, mas a possibilidade existe e nos vamos esperar.

O vôlei vai ter uma expectativa maior de medalha. O que você pensa sobre isso?

Você não imagina meu nervosismo e minha ansiedade, essa expectativa que todo mundo tem ao vôlei e a gente também tem uma expectativa. E fechar o ciclo disputando o ouro dentro de casa seria o sonho de todos nós. A gente sabe das dificuldades que vamos ter, nós já temos classificadas a Sérvia e a China pela Copa do Mundo, depois nós tivemos a Rússia e os Estados Unidos. E os Estados Unidos hoje são considerados o melhor time do mundo, a gente sabe disso. Só que nós também temos um bom time e que vai lutar. Vai depender do grupo em que vamos cair, tem toda uma matemática e nós vamos tentar. Cair em um grupo forte é primordial, porque ele te dá oportunidades: ou você passa ou você fica por ali. E se você passar, o cruzamento se torna mais ameno.

A Tandara foi mãe e voltou a jogar agora pelo Minas. Ela está conseguindo voltar a alto nível?

Hoje ela jogou 2 sets contra o Praia e está voltando bem. Lógico que a expectativa é que ela volte cada vez melhor. Ela está jogando como oposta, eu acredito que ela se recupere bem até lá e só depende dela, os cuidados, a preparação, a alimentação.

Zé você esteve na Turquia agora. Há uma preocupação com a Sheilla que não tem sido titular no time?

Tem uma preocupação, mas a gente conhece bem a Sheilla. Ela é muito forte mentalmente falando e ela tá treinando forte, se preparando; musculação, tecnicamente está fazendo os exercícios. E vejo que ela está preocupada com o time, focada nos Jogos Olímpicos, mesmo estando no banco. É uma das jogadoras mais inteligentes que eu já treinei, ela pega as coisas muito fácil, tecnicamente ótima jogadora e é um ponto de força da seleção brasileira.

Sheilla é reserva de Sloetjes no Vakifbank

O técnico na Turquia (do time do Vakifbank) é o Giovanni Guidetti, italiano técnico da Holanda e a concorrente dela no time é uma holandesa. Você acha que ele está dando uma moral para a jogadora do time dele?

Ele levou 3 holandesas para o time dele e ele tem a possibilidade de classificar pelo WQT.

A questão das centrais vai ser mais complicada em escolher?

Vai ser, todas vão ser. O problema é que em todas as competições no mundo você pode levar 14 jogadoras, exceto no Pan-Americano e nos Jogos Olímpicos. O ideal seriam 14 jogadoras, com uma reserva para cada uma das titulares. Então, quanto mais jogadoras versáteis, melhor é.

O que você acha da levantadora americana que está jogando aqui no Brasil (Courtney Thompson, no Rexona)?

Isso é preocupante - diz em tom de riso - ela é muito forte. O Kiraly gosta muito dela porque ela tem um poder muito grande sobre o time e ela jogou com o Selinger no Volero. Ela é uma boa jogadora e ela gosta da luta, gosta da briga. Todas as competições em que ela foi, os Estados Unidos ganharam. Quando ela não foi, eles não foram tão bem.

Arma de Kiraly: a levantadora Courtney Thompson é uma verdadeira espiã dos Estados Unidos na liga brasileira

E a Mari? Ela tem chances de jogar as Olimpíadas?

Todo mundo tem chances. Ela está saindo do Bolzano e provavelmente tem grandes chances de ir para o Cannes. Estive conversando com ela na semana passada. Enfim, não tem nada fechado, temos que analisar a performance dela nesse momento.

Nada fechado: Zé não descartou o retorno de Mari à seleção